A década de 70, no século passado, teve grande influê ncia na vida da geração que tinha de 16 a 30 anos. As turbulentas transformações vinham de toda a parte do planeta e caiam aqui em Macaé como chuva de meteoritos em forma de informações de posturas.
Desde o Movimento da Contra-cultura, passando pelo Movimento Hippie, as cabeças se uniam na busca de dezenas de soluções para o que se vivia em nossa comunidade. A sociedade de consumo, tonta e cabisbaixa de tanto levar porrada, desta vez, dentro de sua própria casa, apelava para o que tinha mais perto e que achava ter a solução: faziam da polícia e dos órgãos de repressão o seu "deus maior". Nem de longe, olhavam para dentro de si próprios para a auto-pergunta: "Não estaria em nós, que passamos tanta mentira ao longo de nossas vidas, para nossos filhos?"
A policia, acionada, no seu papel de guardiã dos valores morais da sociedade que a mantém, cumpria o seu papel com eficiência. "Prendia e arrebentava", Hippies puros e indefesos, davam "vadiagem" em suas delegacias a quem, na beleza de levar a sério um movimento, estava "Sem Lenço e Sem Documentos (LSD)". Prisões cheias de jovens, cabelos cortados à força sob os olhares irônicos de delegados sustentados, em sua maioria, com verbas vindas do exterior ou de contravenções e prostituições, faziam o cenário que a sociedade gostava de ver e sentir-se livre.
Só que a cabeça, o interior dela, não estava sendo raspada. Continuavam lindas, as cabeleiras ao vento livre de nossas praias e ruas. Nada podia mudar na filosofia de Paz e Amor que tomava conta do mundo nesta década de 70. Muitos morreram, outros enlouqueceram, outros capitanearam ao sistema e alguns romperam, no silêncio de quase 4 décadas, e guardando a "semente" para ser semeada em terrenos férteis em futuro que brotará um dia.
Foi nesta cena de lutas, loucuras, desbunde, prisões de inocentes Hippies, que nasceu um partido político. "Desta vez, ou vai ou racha", pensavam os que, como eu, achamos que o PT era a via parlamentar da mudança.
Em Macaé, Phydias Barbosa, meu ex liderado de lutas estudantis dos anos 60, indicava o caminho. Ele, um dos lideres da Convergência Socialista, juntamente com a linda Flor (pseudônimo de uma mineira extremamente sensível e pura), me ajudaram a fundar o Partido dos Trabalhadores.
"As armas devem voltar ao coldre". Os cabelos devem ser cortados.Os livros devem ser tirados das bibliotecas, assoprados às poeiras do tempo e relidos. Afinal, Lula é um operário, nascido nas poeiras das ruas de Garanhuns e não irá se deixar levar pela sirene maior que vem da América do Norte. O Paulista de Garanhuns irá resistir como o fez o Paulista de Macaé, Washington Luiz Pereira de Souza.
Embolado na teia fértil do dinheiro fácil, ex-lideres estudantis e metalúrgicos que se vendem, fizeram do PT o prato feito que a burguesia tanto queria. Hoje sabemos que o partido jamais propôs mudar a sociedade. Isto é coisa de "maluco e intelectual", falam os barbudinhos. Suas barbas cheirosas de perfumes caros e suas bocas tortas no uso de charutos caros, é a imagem safada e traiçoeira de um trotskismo que acreditamos sério e transformador.
Ainda bem que estamos vivos para reformar as idéias e continuar na luta. A morte, a prisão, as noites de deboches que foram vitimas as pessoas que pregavam "um mundo melhor e mais justo" não foram em vão e nem estiveram envolvidas nas falcatruas desde governo débil que Lula gerencia.
A Luta continua. A semente está pronta para a germinação. Quem viver verá. A Paz será conquistada no Amor ou na dor. Que os 500 filiados que acreditaram na proposta do PT e que filiei no decurso destes 27 anos, me desculpem pelo erro histórico. Ainda é tempo de uma auto-critica e a proponho ao meu velho amigo Phydias Barbosa, hoje colaborador do O REBATE.
Nos "Cabelos Brancos", este bravo macaense que nasceu em Quissama, não foi lembrado. Hoje, nesta crônica no nosso www.jornalorebate.com , ele é o personagem de centro nesta historia da esquerda nacional. Vamos continuar na luta e semear as nossas experiências sem nos acocorar nem capitanear.
(N.A.) "O que a história não disse", nos lembra o grande desportista Luiz Pinheiro, articulista, político, desportista e uma das grandes almas de nossa história. Em breve falarei sobre sua vida.
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