No Brasil, os sinais de inquietação se multiplicam antes da Copa do Mundo

O sorteio foi realizado sob aplausos nesta sexta-feira, 6 dezembro, e o Brasil caiu num grupo que agradou a maioria. A euforia verde-amarela flutua sobre o país organizador da Copa do Mundo. No entanto, ela apenas esconde as dúvidas em que estão imersos órgãos sociais brasileiros e internacionais. Construções, movimentos sociais, transporte ou segurança: questões de interesse que poderão vir a perturbar o Mundial não faltam a seis meses de seu pontapé inicial.
O acidente que matou dois trabalhadores, no dia 27 de novembro, em São Paulo, passou a ser um criador de novas tensões entre as autoridades locais em vista da repercussão de um evento como esse. Antes da queda do guindaste de 400 toneladas no Itaquerão, de propriedade do Corinthians, que está programado para a abertura do certame, em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, parecia certo que o prazo de 31 de dezembro de 2013, estabelecido pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) para a construção das instalações esportivas dificilmente seria respeitado. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, admitiu nesta quinta-feira, 5 de dezembro, que o estádio paulista não vai estar pronto antes de meados de abril, menos de dois meses antes do início do torneio. Logo após o acidente, os gestores da obra asseguraram, no entanto, que a construção é uma das mais avançadas das seis que ainda estão em andamento.

CRÍTICA RECORRENTE
A denúncia, na semana passada, feita pela Promotoria da megalópole brasileira citando "não uma construção ilegal, mas irregular" atraiu ainda mais a atenção para o estádio. O projeto inicial previa uma capacidade de 51.542 lugares, mas alguns "ajustes" foram feitos em seguida. Estes ajustes estavam sujeitos à aprovação do município em junho, quando cerca de 90% do estádio já estava concluído. Dentre estas modificações, "em análise" estava a capacidade reduzida para 46.116 assentos e um aumento de 25% da superfície construída. De acordo com a Folha de São Paulo, nenhuma relação foi estabelecida ainda entre estas alterações e o acidente fatal.
Sinais preocupantes de atraso também foram encontrados em outras três cidades. Em Curitiba, capital do Paraná , as autoridades abandonaram o projeto do teto retrátil ainda previsto no projeto inicial. O pedido foi feito expressamente pela FIFA, temendo que esta parte do estádio pudesse causar mais atraso em toda a obra. A Arena da Baixada tinha apenas 85% dos trabalhos completados em outubro deste ano.
Na cidade amazônica de Manaus, as autoridades asseguram que o estádio será entregue em 20 de dezembro. A Arena da Amazônia, cuja construção levou à morte de um trabalhador, faz parte dos projetos que sofreram muitas mudanças. Alguns itens da infraestrutura prevista para o estádio serão construídos somente após a Copa do Mundo.

UM BILHÃO A MAIS
Em Cuiabá, entre a Amazônia e o Pantanal, há uma batalha legal entre o fabricante dos assentos do estádio e as autoridades. Esta briga que poderia resultar na interrupção do trabalho de construção por uma decisão judicial. Uma situação grotesca que pega carona numa série de atrasos significativos na construção das paredes e telhado ainda não completas.
A isto podemos acrescentar sempre um valor ligeiramente superior. Os custos totais estimados dos trabalhos em apenas doze estádios já atingiram 8 bilhões de reais, um bilhão a mais em apenas um ano. Isto é o suficiente para alimentar uma agitação social que, apesar dos protestos terem minguado nos últimos meses, mantém ainda um potencial de perturbação significativa. O Mundial será realizado em plena campanha para a eleição presidencial em outubro de 2014.
A FIFA, objeto de críticas recorrentes, anunciou nesta quinta-feira, 5 dezembro, que financiaria uma dúzia de iniciativas sociais no Brasil num total de 47 milhões de reais (14,7 milhões de dólares). O corpo governante do futebol mundial admitiu que as manifestações populares de em junho deste ano representavam um risco para a organização do Mundial.

LE MONDE - 07.12.2013 - Por Nicolas Bourcier (Rio de Janeiro, correspondente regional)

Nicolas Bourcier (Rio de Janeiro, correspondente regional) 
Jornalista do Le Monde

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS