O CERCO GOLPISTA

Em sua última entrevista antes de sua morte o filósofo francês Jean Paul Sartre perguntado sobre se continuava ateu respondeu assim – “Continuo, mas com a esperança esperante que Deus exista do contrário a vida não tem sentido”.

Nada a ver com Bento XVI, ou com seu antecessor João Paulo II. Nada a ver com a onda neopentecostal que assola países como o Brasil e pauta governos como o dos Estados Unidos. Nada a ver com o nazi/sionismo esgrimindo o Velho Testamento para justificar a barbárie contra palestinos.

Deus nesse meio em que O misturam à política é apenas a transformação do Criador em algo como o touro de Wall Street, a bandeira da estrela de Davi em suástica e a versão OTAN das Cruzadas guiadas pela “luz papal”.

O breve intervalo da Teologia da Libertação (João XXIII, Paulo VI) terminou na criação do produto João Paulo II, um mês após a morte de João Paulo I (não cedeu às pressões da caquética cúria dos cardeais do Vaticano). Foi vendido a todo o mundo a preço acessível a qualquer pessoa, mas não impediu que o declínio de Roma se acentuasse, como se acentua, cada vez mais em todos os países católicos.

Os fabricantes ofereceram alternativas como as que por aqui se multiplicam em figuras tais quais o lutador que venceu tubarões, tsunamis, tudo em nome de “deus”, falo do tal Valdemiro, Edir Macedo, ou Silas Malafaia, proprietários da figura de Cristo, mesmo que não tenham nem escritura e nem patente, ou como disse Voltaire ao padre que foi dar-lhe extrema unção e se apresentou como “emissário de Deus”. “As suas credenciais” pediu o pensador.

Subiu sem extrema unção.

A nota do episcopado católico argentino condenando a lei de meios votada pelo Congresso daquele país, a politização dos jovens, que será divulgada pela Conferência Episcopal à frente o bispo Arancedo é a primeira manifestação dos bispos desde a lei de meios (que regula a comunicação e impede o monopólio da informação, contrariando grandes grupos do setor e colaboradores da santa sacolinha).

“Oração pela pátria”. A expressão que consta do documento costuma preceder a grandes marchas contra governos que enfrentam elites políticas e econômicas (OPUS DEI no caso da Igreja Católica) e se fazem seguir por golpes, ora militares, ora brancos, como aconteceu em Honduras e ano passado no Paraguai, por ironia, contra um ex-bispo católico e com posições à esquerda.

A grande preocupação do Vaticano hoje são os “negócios”. Isso vem desde João Paulo II e seu cardeal/ministro da Fazenda (teve a prisão pedida pelas autoridades italianas por fraudes financeiras à frente do banco da – vá lá – Santa Sé. Falo de Marcinkus.

Numa região do mundo onde o catolicismo perde força a cada dia e a alternativa acaba sendo a produção em série do boneco “Marcelo Rossi”, a manifestação dos bispos argentinos não resta sendo surpresa.

No mais, embutidos os temas de sempre. “A dignidade da vida”, aborto, homossexualismo condenados em palavras que disfarçam, ou metáforas que não tangenciam a preocupação com a pedofilia, por exemplo.

“O país padece uma crise moral e cultural. Seu texto dirá que “a base de todos os direitos humanos” é a dignidade da vida desde a concepção até seu término natural e que o matrimônio entre varão e mulher, “anterior ao Estado, é a base de toda a sociedade e nada pode substituí-lo”. Como para a doutrina católica os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos, o sistema educativo não deve impor-lhes “conteúdos contrários a suas convicções morais e religiosas”. O sistema educativo deve melhorar, de modo que seus principais beneficiários sejam os mais pobres”.

Cá entre nós, o resgate da palavra “varão” é fantástico e seria melhor se os bispos argentinos arranjassem a tempo um sinônimo para eternizar o matrimônio, além do que os pobres não conhecem os que escolhem o reitor da PUC – Pontifícia Universidade Católica – de São Paulo, método nada democrático e as mensalidades estratosféricas.

“Dignidade da vida” é por aí. Que baixe o espírito de Saladino – صلاح الدين يوسف بن أيوب – Salah ad-Din Yusuf ibn Ayyub e em seguida o respeito que os mouros tiveram durante os anos que dominaram parte da Europa, notadamente da Espanha. Em todos os séculos nenhum monumento cristão destruído, ao contrário dos cruzados. Todos os monumentos islâmicos em Jerusalém transformados em pó.

A verdade absoluta.

Há um cerco golpista que parte de Washington, passa pela Escola das Armas em Honduras, se instala com todo o poder na Colômbia, encontra vassalagem no governo brasileiro (principalmente em questões econômicas) e se volta contra governos considerados hostis. No Equador, por exemplo, ameaçam Rafael Corrêa de morte. Na Argentina tentam criar condições para o impedimento de Cristina Kirchner, apostam de maneira cristã e piedosa na morte de Chávez e chega até La Paz, não sem antes passar por Havana.

O retorno glorioso e pomposo da América Latrina de décadas passadas. Como não acreditam em incorporação de espíritos, não têm como trazer de volta Somoza, Pinochet, Médice, Trujillo, Peréz Jimenez, Stroessner e outros.

No Brasil preferem entronizar Joaquim Barbosa no altar de Gilmar Mendes e criar a figura do condenado sem provas nos autos. Criam a figura do semi-corrupto, Roberto Jeferson, para o regime semi-aberto.

O nome desse cerco é PLANO GRANDE COLÔMBIA.

Se olharmos para a Europa de hoje, as perspectivas de divisão na Espanha, França, Bélgica, a independência pleiteada da Escócia (plena) e contemplarmos a Amazônia, o filme é o mesmo. É só uma questão de trópicos. Se fosse Henry Miller diria de Câncer, ou de Capricórnio, nada de Sexus, Plexus e Nexus.

A “esperança esperante” que Sartre falou é outra completamente diferente. É o oposto

O jornalista norte-americano Art Buchwald foi um dos mais cáusticos críticos do modo de vida catchup com mostarda dos norte-americanos, sendo ele próprio nativo daquele país.

Uma de suas frases mais célebres foi – “Os americanos aceitam que o sujeito seja alcoólatra, drogado, grosseiro com a mulher, ou até mesmo jornalista. Mas, se não dirigir automóvel é porque há alguma coisa errada com ele” (é preciso explicar isso a Dilma). .

O Deus que Sartre desejou para dar sentido a vida não tem nada a ver com a General Motors, ou com a Ford.

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