"DECRETEM NOSSA EXTINÇÃO NOS ENTERREM AQUI"

"Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar todos nós aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais".

É parte da carta de 170 indígenas Guarani/Kaiowás, que vivem à beira de um rio na cidade de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul. Estão cercados por pistoleiros do latifúndio. São os proprietários do município e como parte do grupo de grandes acionistas do Estado brasileiro, exigem que os índios sejam removidos. Conseguiram uma ordem de despejo na justiça.

São cinqüenta homens, cinqüenta mulheres e setenta crianças. O ato de morrer coletivamente foi também uma decisão coletiva. Decidiram ficar e morrer na terra que lhes pertence.

O governo Dilma, como o governo Lula e antes o governo FHC, jamais se preocuparam de fato com a questão indígena no Brasil, pelo simples fato que gerenciam um Estado onde banqueiros, grandes empresários, latifúndio e bancada evangélica decidem o que deve e o que não deve ser feito em nome da aliança que sustenta a farsa capitalista, qualquer que seja o partido que esteja no governo.

As instituições, como um todo, Executivo, Judiciário e Legislativo estão falidas. A decisão de remover os Guaranis/Kaiowás é crime de genocídio. Fere o direito internacional, o estatuído na carta das Nações Unidas.

Como afirma a jornalista Eliane Brum "há cartas como a Pero Vaz Caminha, de primeiro de maio de 1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma nação ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas como dos Guaranis/Kiowás, escritas mais de quinhentos anos depois, que são documentos de falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação constituído nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na sua Constituição hoje em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de o povo brasileiro. A partir da carta dos Guaranis/Kiowás tornamo-nos cúmplices de genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é".

Duas mortes já aconteceram por suicídio e duas por maus tratos e tortura praticada pelos pistoleiros do latifúndio.

"Comemos comida uma vez por dia"

A ocupação desregrada do antigo Mato Grosso, hoje Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se intensifica a partir da ditadura militar. Colonos gaúchos migraram para aquele estado ocupando terras dos índios. A visão "patriótica" dos militares de ocupar todo o território nacional. Boa parte ocupou terras e permaneceu em suas bases, digamos assim, enviando pistoleiros, jagunços, para expulsar índios e camponeses. São acionistas do Estado brasileiro, têm o controle da máquina e das mentes que nos governam e nos reprimem.

A redemocratização não trouxe mudanças. Os acionistas permaneceram os mesmos.. Os territórios indígenas que deveriam ser demarcados em cinco anos não o foram. É um processo lento e essa lentidão é proposital. É deliberada.

O agronegócio trouxe a mais brutal repressão, chegou a ter apoio explícito de um dos comandantes militares da Amazônia, general Heleno. O patriotismo se esvaiu na submissão aos verdadeiros senhores dessas terras. Nas que foram demarcadas, medroso e obediente aos donos, o governo federal não completou o processo de desocupação. Depende de votos de parlamentares da chamada base aliada. Tanto quanto qualquer tucano, Lula e Dilma são cúmplices desse genocídio.

Índios destruídos pelo alcoolismo, pela prostituição, caso dos quarenta e três mil Guaranis/Kaiowás que vivem na reserva de Dourados. Sub-nutrição, índices elevados de homicídios nas aldeias, cultura destruída. Os índices de homicídios são maiores do que zonas em estado de guerra.

A vice-procuradora geral da República Deborah Duprat afirmou que "a reserva de Dourados é talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena em todo o mundo". O índice de assassinatos nessa reserva é de cento e quarenta e cinco para cada cem mil habitantes. No Iraque esse índice é de noventa e três para cada cem mil. Se comparados o índice de Dourados é 495% maior.

"A cada seis dias um jovem Guarani/Kaiowá se suicida.Desde 1980 cerca de mil e quinhentos tiraram a própria vida. A maioria deles se enforcou num pé de árvore. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que, talvez, para muitos deles, seja pior que a morte" - Eliane Brum.

A reação dos líderes para denunciar o genocídio esbarra na ação de pistoleiros, na cumplicidade da Justiça com os latifundiários, na omissão do Poder Executivo. Foram mais de 20 assassinatos dos que feriram interesses de fazendeiros patriotas, geradores de "progresso". O assassinato de um deles, Marçal de Sousa ganhou repercussão internacional.

Os cento e setenta índios que decidiram morrer coletivamente já foram espancados, ameaçados com armas de fogo, tiveram seus olhos vendados, jogados à beira da estrada e mulheres e velhos, crianças tiveram pernas e braços fraturados. A Justiça Federal mandou despejá-los.

O que caracteriza o genocídio é o assassinato sistemático de um povo.

É o que está acontecendo. Pediram a Lula e Lula não resolveu, passou para Dilma. Dilma também não resolve. Tem a tal base aliada.

Existem eleições, onde, segundo dizem, fortalecem e se constroem a democracia.

Qual? Onde?

Para os índios Guarani/Kiowás? Para os moradores de Pinheirinhos? Ou das favelas incendiadas em São Paulo? Ou dos morros ocupados na "pacificação dos excluídos" via BOPE e caveirões?

Breve mudança nos mapas. Tremulando nos mastros do Brasil a bandeira da Grande Colômbia, logo abaixo da bandeira do conglomerado terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A. Estudam no Haiti, praticam por aqui, enchem-se de brios patrióticos para resguardar as câmaras das torturas vis e covardes contra indefesos. É o refúgio dos canalhas. E aí se inclui todo o conjunto que conhecemos como governo.

Somos um País manco. Nossas instituições são apenas o estatuto de uma sociedade anônima. Nada além disso.

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