O SIGNIFICADO DE PRIVATIZAR - O SILÊNCIO DA MÍDIA

O livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior sobre as privatizações no governo de Fernando Henrique e toda a corrupção que envolveu o processo traz várias lições muito maiores que revelar o óbvio. Um governo, o de FHC, controlado de fora para dentro, aliança das elites econômicas e financeiras do País com os senhores do mundo e um modelo político e econômico engessado que transforma o Brasil em um dos grandes entrepostos do capitalismo.

É natural que a mídia privada silencie sobre o assunto. É podre e naquele momento adquiriu o status de sócia daquele Brasil que emergia nos desmandos tucanos. Os ajustes feitos ao curso das privatizações, além do golpe branco que no meio do jogo mudou as regras - a reeleição de FHC comprada a peso de ouro - para que todos os operadores e familiares terminassem milionários.

Como um botim repartido por uma quadrilha após um assalto a um banco. No caso, assalto ao Brasil e aos brasileiros.

A primeira tentativa real veio com Collor de Mello e fracassou no destempero do ex-presidente. FHC foi o escolhido para executar o projeto neoliberal no Brasil, como Menén na Argentina. Frio, amoral, insensível, sem qualquer tipo de escrúpulo, capaz de enfiar a faca por trás no melhor amigo se preciso fosse - e muitas vezes "melhores amigos" foram "executados" em seu governo.

Quebrar o Brasil era e continua sendo um fato irrelevante para tucanos. Não têm qualquer vínculo que não sejam aqueles exibidos no livro de Amaury Ribeiro Júnior.

E um detalhe importante nessa história toda, a briga interna, a disputa dentro da quadrilha, no pós FHC. José Serra versus Aécio Neves. Amaury Ribeiro Júnior é ligado a Aécio Neves, dispunha de dados que compõem o livro e num dado momento da pré campanha de 2010, quando Serra e Aécio disputavam a indicação tucana para a disputa com Dilma, foi acionado para responder com o livro às ameaças de Serra a Aécio que ganhava terreno dentro do PSDB.

O ex-governador de São Paulo, através do jornalista Juca Kfhoury, numa nota de coluna, deixava claro que o tiroteio poderia tomar rumos imprevisíveis, ao sugerir que Aécio fosse ou seja alcoólatra e usuário de drogas.

Foi ali que Aécio deixou a disputa, viajou para a Europa e quando voltou recusou todos os apelos para ser o vice na chapa de Serra. E foi ali que Aécio resolveu que em Minas Serra purgaria muitos pecados.

A corrupção é um braço do processo. É implícita ao capitalismo. Mais ou menos como aquele pistoleiro que executava suas vítimas e depois ia para a igreja orar pelas respectivas almas, já que as execuções eram apenas "negócios", nada pessoal. O pessoal ficava por conta do mandante.

Todo esse delírio que FHC vive hoje é tão somente o tamanho de sua vaidade e o ódio que nutre por não ser carregado em liteira todas as vezes que sai às ruas - isso é modo de dizer, pois não faz isso, exceto em New York.

O silêncio da mídia, a despeito dos contra ataques de VEJA, que seria e é o principal pistoleiro das elites econômicas e financeiras do Brasil, o encarregado do trabalho sujo (com a diferença que não reza pela alma das vítimas) é bem mais que a notícia comprada, ou a versão ao sabor dos interesses de quem paga, muito mais que isso.

Ela foi beneficiária direta da privatização/corrupção.

O ESTADO DE SÃO PAULO, através da família Mesquita, é sócio da empresa de telefonia celular CLARO na região Metropolitana da capital paulista. Tem 6% do controle acionário do consórcio que controla a CLARO. O resto se reparte entre o Banco Safra (de grupos sionistas) com 44%, a Bell South - norte-americana - com outros 44% e o grupo Splice com 6%.

A família Frias, que controla o jornal FOLHA DE SÃO PAULO (o que emprestava os caminhões para a desova dos corpos de presos políticos assassinados nos porões da ditadura) e ficou com 5% do consórcio AVANTEL COMUNICAÇÕES. Esse grupo ainda tem a Air Touch (norte-americana) com 25% e o grupo Stelar com 25%. A Camargo Corrêa e o Unibanco ficaram com o restante do capital.

Um grupo de cientistas espera anunciar nos próximos dias, algo como a descoberta da "partícula de Deus". O ponto invisível que gera todos os outros pontos no Universo e permite que em todos exista massa. Corre o risco de encontrar um usurpador, Roberto Marinho.

A família Marinho criou uma empresa para participar dos negócios da privatização, a GLOBOPAR e ficou com 40% do consórcio TT2 que disputava a telefonia celular nas áreas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A norte-americana ATT comprou 37%, o Bradesco 20% e a empresa italiana Stet ficou com 3%.

Os homens da GLOBO ficaram também com o consórcio de telecomunicações Vicunha, que estendia seus braços à telefonia celular na Bahia e em Sergipe. A Stet com 43%, o grupo Vicunha com 37% e a GLOBOPAR e o Bradesco com 20%.

São dados públicos, disponíveis para quem se dispuser a conhecer os estudos sobre as privatizações feitas no governo FHC.

Ao longo dos oito anos de FHC a Editora de Abril, sem licitação, assinou vários contratos com o governo federal para impressão de livros, sem falar em assinaturas de revistas. A fúria contra o governo Lula começou quando licitações foram feitas e a Abril perdeu contratos por irregularidades diversas, dentre eles superfaturamento. Essa prática se mantém no governo de São Paulo desde o primeiro mandato de Mário Covas, continuou com Alckimin, com Serra e está intocada com a volta de Alckimin. O contrato mais recente é de assinaturas de revistas e tem o valor de nove milhões de reais.

É a tal liberdade de expressão que William Bonner enche o peito para falar quando se trata de defender "negócios" e tentar a todo o custo evitar que a questão da mídia monopolista seja discutida no Brasil. Que a liberdade de informação se torne real, quebrando o controle de seis ou sete famílias que dominam o setor em todo o País.

O livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior tem vários aspectos positivos, independente do motivo que levou o jornalista a escrevê-lo. Num dado momento da campanha presidencial de 2010 o candidato José Serra tentou transformar o trabalho num "dossiê" elaborado pelo PT, partido da então candidata Dilma Roussef, via REDE GLOBO (é especialista na fabricação de dossiês falsos desde que inventou Roseana Sarney para tomar 250 milhões de dólares do BNDES, em 2002).

O livro desnuda figuras como José Serra, FHC, mostra a extensão da quadrilha tucana, o sentido real da expressão privatizar, do ato de privatizar e os danos causados ao País por todo esse esquema.

É lógico que a mídia privada, sócia e parceira não vai tocar no assunto. Como é evidente que José Serra tentou de todas as formas evitar a publicação do trabalho.

Há culpa do governo Lula nessa história toda. Foi incapaz de trazer a público, sabia e sempre soube, do que estava embaixo do tapete. Preferiu contemporizar através de alianças espúrias, enrolou-se nessas alianças e os avanços obtidos durante do período do ex-presidente restam cosméticos no seu todo, já que transformações efetivas no processo político e econômico não aconteceram.

Permanecem intocadas as privatizações, sabidamente feitas ao arrepio da lei, muitas delas foram aprofundadas e o caso dos leilões de áreas petrolíferas é um peso do qual o PT, Lula e Dilma jamais se livrarão.

Em tudo e por tudo o trabalho de Amaury Ribeiro Júnior mostra o que qualquer cidadão minimamente informado sabia e sabe. A mídia privada é podre, precisamos de uma ampla reformulação no setor, sem que ninguém seja privado do direito de livre expressão, mas que ponha fim ao monopólio atual.

Que tucanos e aliados (PPS, DEM e outros) na verdade formam a maior quadrilha política a saquear o País em toda a nossa história.

E o pior (pior porque já se sabia que os tucanos eram e são bandidos), a cumplicidade do PT no aceitar jogar o jogo segundo as regras estabelecidas por um modelo falido.

A definição correta para essa postura do PT é do secretário geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro) Ivan Pinheiro - "Lula inventou o capitalismo a brasileira".

O que isso significa? Que sobre nós está sendo estendida, desde os tempos de FHC, uma grande rede para não sejamos nada além de um entreposto do capitalismo.

Uma espécie de posto especial para troca dos cavalos da diligência.

Esse modelo não será derrotado nas urnas. Seus operadores controlam todo o aparelho estatal.

Ou mudamos nas ruas, ou logo esses frenéticos boletins de uma nova potência não serão mais que papéis imundos no meio das ruas e em meio a uma crise bem diversa das previstas por gente como Miriam Leitão, mas que afetará de maneira contundente a classe trabalhadora.

A classe média é caso perdido. Come arroz com feijão e arrota maionese.
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