OS TABLÓIDES - A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

O cidadão acorda por volta das quatro horas da manhã para conseguir chegar ao trabalho dentro do horário, isso numa cidade de alguns milhões de habitantes, mal consegue engolir um café, quando consegue, um pão já chega a ser um milagre e a primeira coisa que vê quando sai de casa na pressa do transporte, é uma baita bunda estampada na banca de jornal mais próxima.

Ou um par de seios e a manchete avisando que a mãe desalmada esquartejou o filho recém nascido. Colocou os pedaços num saco de lixo e deixou ali, bem próximo da casa onde mora.

Paga um real e vai sacolejando no trem ou ônibus enquanto lê que o grande problema do País é a recuperação ou não do zagueiro do seu time, a tempo de recompor a defesa para o jogo de domingo.

No duro esse cidadão é instigado a acreditar que por morar num fim de mundo, enfrentar os percalços que enfrenta, trabalhar feito um louco, almoçar almoço frio ou requentado, suportar patrão e no fim do dia voltar esbodegado para casa e ainda ter que ouvir a mulher e as reclamações do dia a dia dos filhos, tudo com o dinheiro na ponta do lápis, para garantir o ingresso do jogo e o macarrão com frango no domingo, repito, é instigado a acreditar que vive numa democracia e que tem peso no processo de decisão política.

Da mesma forma o outro lado da moeda, a mulher. Ou dona de casa, ou no trabalho, a mesma faina, a mesma luta, a mesma ponta de lápis.

O casamento do príncipe parece coisa de outro mundo, um dia ainda chego lá, dá a impressão que aqueles astronautas que pisaram na Lua de fato pisaram no satélite que gira ao redor da Terra, inspira poetas e guarda São Jorge e o dragão na esperança que Tia Nastácia volte um dia e torne a fritar bolinhos deliciosos.

"Pisaram nada, os americanos montaram isso com efeitos especiais, os caras desceram num deserto qualquer. Isso é filme".

A bunda imensa da capa do tablóide. O par de seios. A mãe desalmada. A recuperação do zagueiro ou o casamento do príncipe, transmitido ao vivo com exclusividade e detalhes do vestido da noiva, tudo isso para que as pessoas se sintam ávidas de saber o inteiro teor das gravações telefônicas feitas pelo tablóide inglês e como vivem os de cima, ou melhor, quem deita com quem, quem não deita, quem enche a cara e quem está comendo caviar, mas deve os olhos dessa cara.

Aí não quer nem saber do genocídio contra palestinos, terrorismo do Estado de Israel no saque e na pilhagem costumeira do nazi/sionismo.
Pouco importa o que pensam os iraquianos, afinal as bombas caem na Líbia e não por aqui.

Tudo isso é liberdade de expressão como os caras chamam.

O que Miriam Leitão fala no rádio ou na tevê não dá para entender. A moça em questão fala de coisas distantes, a impressão que dá pelo tom raivoso e iracundo é que um meteoro gigante vai destruir o planeta nas próximas horas e a Bolsa de Valores vai se arrebentar por culpa do governo. Isso com excelente remuneração e uma diferença de um profeta que imagina que o mundo vá acabar dentro de três horas, cinco minutos e seis segundos (precisão britânica com relógio suíço). O profeta não tem a menor idéia de coisa alguma. Miriam Leitão fala o que mandam que fale. Os que pagam, os banqueiros e a dona vira referência para um objeto voador não identificado, a tal classe média.

Os que pagam tomam do cidadão da ponta cá embaixo, mas qualquer coisa o Faustão se indigna, o Luciano Huck procura a ex-mulher do governador Sérgio Cabral (pilantras de carteirinha) e legaliza sua casa ilegal em área de proteção ambiental, até rima.

Wikileaks? O cidadão está empenhado em saber qual a do ator Hugh Grant ao protestar contra as gravações feitas sem seu consentimento de conversas ao celular. Se há tanto empenho assim em protestar, alguma ele deve.

Como o tablóide fechou não há como saber. Exceto se... Quem sabe?

O que há é espetáculo de quinta categoria no processo de alienação absoluta. O ser objeto.

"Que isso cara, que mulherão e eu com aquele trem dentro de casa".

Preconceito embutido em cada linha de cada tablóide, na linguagem que não tem nada de popular, é diferente, é apenas chula e pobre.

Obama é um orgulho da raça, primeiro presidente negro dos EUA. O cara é branco, está engraxado e foi o político norte-americano que mais recebeu doações da NEWS CORPORATION do empresário Robert Murdoch, dono de um império midiático, inclusive por aqui, nesse império o tal tablóide e a liberdade de expressão. Segundo ele "sem fins lucrativos". Aqui ó! O cara é um tremendo dum safa.

William Waack de joelhos agradecendo a Hilary Clinton a chance de apresentar seu relatório sobre as eleições no Brasil. O outro o Bonner cortando notícias que "contrariam os nossos amigos americanos" e um monte de "democratas patriotas" escondidos atrás da lei da anistia na covarde vergonha da tortura e dos crimes ignominiosos cometidos durante a ditadura militar após o golpe de 1964.

O cidadão/trabalhador não imagina que dentro daqueles caminhões do jornal FOLHA DE SÃO PAULO estiveram corpos de presos políticos torturados até a morte, homens e mulheres, no melhor estilo esquadrão da morte, ou mãe desalmada, sendo desovados em estradas e ruas para simular atropelamento.

É liberdade de expressão do monopólio da mídia no Brasil, das famílias que controlam a informação e acham que você, eu, qualquer um de nós, ou temos que suportar Miriam Leitão e a chegada do meteoro destruidor, ou acordar com a Mulher Melancia avisando que fez plástica e colocou mais não sei quanto de silicone.

Está tinindo, o telefone é esse aí na tela, o michê aumentou.

Vai daí que o espetáculo que a mídia monta e dirige com perfeição, ilude, engana, é mentiroso, o brilho é ilusório, a notícia é inventada e distorcida, mas o efeito é igual.

Querem que cá embaixo todos nós tenhamos a convicção que isso é liberdade de expressão e que temos uma mídia livre.

Podre seria melhor. Ficaria mais adequado ao caráter e à natureza dos comandantes desse sórdido negócio.

Luciano Huck não bate laje na casa ilegal legalizada na bandidagem corrupta do governador do Rio e sua ex-mulher. Cada um de nós bate a laje dele quando assiste aquele monte de besteiras que transforma bicicleta em carro de corrida.

E todos pagamos banqueiros no abjeto ofício de judiar nos juros. Vem cá, entra, tem um monte de atrações e suspense sobre a recuperação do zagueiro, mas há liberdade de expressão.

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