CAPONE E OS “CAPONINHOS” – O MASSACRE DO DIA DE SÃO VALENTIM

Quem se dispuser a tentar avaliar o que se conversou nas reuniões que se seguiram à prisão de Daniel Dantas, as duas prisões e os dois habeas corpus concedidos em tempo recorde por Gilmar Mendes e em seguida confrontar esses diálogos com os dos melhores filmes sobre gangster norte-americanos, aqueles com James Cagney, ou Humprey Bogart e mesmo o último deles, “Os Intocáveis”, vai perceber que exceto o fato de uns conversarem em inglês e outros em português, esses diálogos serão os mesmos, uma ou outra palavra diferente, mas todas sinônimas.

Pense assim. Gilmar Mendes recebe a notícia que Daniel Dantas foi preso na Operação Satiagraha comandada pelo delegado Protógenes Queiroz e está nas dependências da Polícia Federal sendo interrogado. Um tipo de prisão cautelar, cinco dias, mas tempo suficiente para que o bandido/banqueiro dono de vários “negócios” inclusive o STF DANTAS INCORPORATION LTD, acabe revelando alguma coisa.

A primeira reação de Gilmar terá sido explosiva. É do seu temperamento. Era do temperamento de Capone e seus sequazes. Não admitia desafios ou que alguém se interpusesse em seus domínios. A segunda terá sido consultar os superiores, no caso FHC. Gilmar é só um dos matadores da quadrilha para numa rápida avaliação entrar em contato com os advogados de Dantas pedindo que requeressem de imediato o habeas corpus. Tudo aos berros e impropérios, digamos assim.

Como Capone se referia aos seus inimigos, filho disso, filho daquela, Gilmar deve ter feito o mesmo em relação a Protógenes e perguntado que “diabo de juiz é esse tal De Sanctis que me desafia?”

Corre aqui, corre lá, chega o pedido de habeas corpus e a ordem é concedida imediatamente. A essa altura do campeonato Gilmar já havia acionado dois ou três juízes de sua “confiança” para receber maiores detalhes do fato.

Protógenes insiste e torna a prender Daniel Dantas que, nessa história, é o Capone, Gilmar é preposto, lugar tenente. Dantas através do seu advogado deve ter dito o diabo, ameaçado tomar atitudes drásticas como demitir Gilmar de suas empresas e da sua folha de pagamento e novo habeas corpus impetrado, novo habeas corpus concedido. E tem um trem nesse meio de caminho, se Capone/Dantas cai, caem todos os “caponinhos”. Funcionou a legítima defesa do emprego, da grana nossa de todo dia, o extra.

Começa aí o processo de liquidação do delegado Protógenes, de desarme da Operação Satiagraha e de queima dos “inimigos” na Polícia Federal. Percebe-se no meio do caminho que a ABIN – AGÊNCIA BRASILEIRA DE INFORMAÇÕES – foi parte do processo de investigação e Lula é colocado contra a parede. 

Como quem não quer nada, principalmente um confronto com o lugar tenente de Dantas, o presidente afasta o chefe da ABIN, o superintendente da Polícia Federal, a turma abre um procedimento interno contra Protógenes, o juiz De Sanctis responde a outro por “abuso de autoridade” e nesse meio tempo entra em cena a mídia. Não sem antes Tarso Genro tentar explicar o inexplicável. Ou seja, sentar em cima, literalmente.

Em primeiro lugar VEJA. Montam uma farsa, a tal gravação feita no gabinete de Gilmar, esse é o “habeas corpus” do lugar tenente de Dantas. Tentam desmoralizar o delegado responsável pelas prisões.A gravação nunca existiu.

Diogo Mainardi deve ter sido chamado às pressas nessa segunda etapa para a reunião, ou as reuniões. Deve não, participou e saiu dizendo o que diziam os prepostos de Capone – “pode deixar chefe vou fazer serviço limpo sem deixar pistas e ainda incriminar os caras” –. É tudo questão de armar o cenário sem deixar digitais. Nesse caso nem tem tanto problema deixar digitais. Os que julgam estão no bolso. Os que divulgam então...

Gilmar no melhor estilo lugar tenente de Capone enquadra seus empregados na STF DANTAS INCORPORATION LTD – são cinco na folha de pagamento, cinco ministros de seu Instituto Brasiliense de Direito Público – e manda o esquadrão de baixo, a turma do cartório ficar caladinha, quietinha sob pena de rua.

Registre-se que, nesse meio tempo, o embaixador da Itália entra pela porta dos fundos do gabinete de Gilmar e deixa resolvido os fundos para manter Cesare Battisti preso. Tutti buona gente. Uma espécie assim de intervalo do primeiro tempo, mas boas lições deixou da máfia original. É embaixador de Berlusconi mafioso e banqueiro, quer dizer, tudo a mesma coisa.

Battisti não é dono de banco, nem de concessões para explorar o subsolo brasileiro e muito menos seus aviões transportam jornalistas da GLOBO para a farsa de uma ocupação que na verdade é um massacre de camponeses no Pará. Seja porque Battisti não tem aviões, lógico, seja porque não tem como entrar pela porta dos fundos de Gilmar.

É de bom alvitre deixar consignado que nos velhos tempos da lei seca Capone tinha como fachada agências funerárias. Um monte de carpideiras ficava lá chorando um defunto qualquer e uma porta mágica ao invés de ligar ao crematório, ligava ao cassino e boate. Hoje se monta faculdade de direito em Diamantino, elege-se o irmão prefeito, promove-se a cassação dos adversários e assassina-se os que “traem”, tudo no melhor estilo Brasília, a nova Chicago.

E Gilmar leva vantagem. Capone não podia dispor de dinheiro público. O presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD pode, através de convênios com prefeituras, governos estaduais e governo federal para a sua faculdade, seu instituto e até para o latifúndio familiar.

Outra vantagem. A mídia norte-americana à época de Capone clamava por respeito à lei, pela prisão do criminoso, mesmo quando colunistas sociais bem remunerados diziam que Capone havia promovido um Natal para os pobres e a mídia brasileira, a grande mídia, é toda ela parte dessa máfia. Acha que é preciso manter a aura de suprema corte da STF DANTAS INCORPORATION LTD. 

É uma vantagem e tanto. 

Quando era Advogado Geral da União “caponinho” Gilmar Mendes mandou pagar algo em torno de 40 mil reais ao seu instituto para que seus subordinados lá fizessem cursos de “especialização”. Bandidagem porca.

Em 14 de setembro de 2000, como denuncia a revista CARTA CAPITAL, edição de setembro de 2008, a estudante Andréa Paula Pedroso Wonsoski foi à delegacia de polícia de Diamantino, Mato Grosso,  denunciar que o irmão de Gilmar, Chico Mendes. O criminoso estava comprando votos para se eleger prefeito pelo partido de Roberto Freire (o “honesto” que exerce um cargo no governo Serra a 12 mil reais, um conselho qualquer). A moça estava com medo. Fora acusado pelo pistoleiro irmão de Gilmar de estar traindo a “sua confiança”.

Andréa tentou explicar o “mal entendido”. A denúncia partira de fato de sua irmã Ana Paula, mas foi advertida por gente da máfia Mendes para “tomar cuidado”. Em 17 de outubro, 30 dias depois da denúncia e do registro do BO – Boletim de Ocorrência -, a moça foi participar de um protesto político. Ela e outros estudantes foram para frente do Fórum protestar contra o abuso de poder econômico da família Mendes nas eleições. A passeata acabou não ocorrendo e Andréa pediu uma carona a Silvana de Pino para retornar à sua casa. Não mais foi vista.

Três anos depois uma ossada encontrada às margens de uma avenida a cinco quilômetros do centro cidade foi identificada como sendo a de Andréa. Desapareceu na noite de 17 de outubro de 2000.

Os capangas de Gilmar Mendes?

O caso nunca foi esclarecido.          

E nenhum grande jornal, ou rede de tevê empenhada em buscar a “verdade”, noticiar crimes quaisquer que sejam e dar a eles dimensão de show foi a Diamantino procurar saber o que aconteceu. O crime passou a ser público e notório depois da denúncia de CARTA CAPITAL.

Estão no bolso de Capone e seus “caponinhos”.

Foi por aí que o ministro Joaquim Barbosa quis caminhar quando falou em “eu não tenho medo dos seus capangas”, dirigindo-se ao “caponinho” Gilmar Mendes.

É essa excelência que preside a suposta corte suprema do País, emprega cinco ministros dessa suposta corte e manda e desmanda em nome do bandido/banqueiro Daniel Dantas e tudo o que ele representa e significa.

A lista de crimes cometidos por Gilmar Mendes encheria uma única edição de um jornal, só a lista e os desdobramentos, muitas edições. Segundo os jornalões da grande mídia, as grandes redes de tevê, parte da máfia, Barbosa faltou com a “liturgia” da suprema corte (onde tem isso?). A expressão “liturgia” é de um dos empregados de Gilmar, o ministro Marco Aurélio Mello. O tal que soltou por hAbeas corpus o banqueiro Salvatore Cacciola.

Os métodos mudaram. As tecnologias do crime sofisticaram-se. Massacres como o do dia de São Valentin ganharam novas formas. 

Gilmar Mendes é só um criminoso controlando um posto chave. Transformou a tal suprema corte em STF DANTAS INCORPORATION LTD. 

É um escárnio que por lá permaneça. O que não significa que seja estranhável. Este é um País onde a esmagadora maioria dos rabos dos que comandam alguma coisa estão presos. Inclusive da FOLHA DE SÃO PAULO, o tal jornal que se diz “sem rabo preso”. 

Mas só os rabos, pois todos ficam soltos, lépidos e fagueiros. E continuam excelências.
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