Bater ou não bater, eis a questão

Quem dera que maternidade fosse só apertar as bochechas, estudar junto e ajeitar o cobertor antes de dormir. É como dizem: não basta ser mãe, tem que participar – e isso inclui a parte chata da coisa, que é mandar tomar banho, obrigar a comer verdura ou desligar a televisão porque já está muito tarde. Isso porque é função dos pais educar e dar limites aos filhos, que de vez em quando custam a entender o recado. Aí você fala uma, duas, dez, vinte vezes e parece que não adianta nada. Nessas horas, haja paciência!, será que dá para continuar só no papo ou é melhor partir para um argumento concreto? Ou seja, uma boa palmada.

A questão é polêmica: alguns pais preferem impor autoridade sem apelar para a violência e não levantam a mão em hipótese alguma. A dentista Tânia de Souza admite que tem dias em que o comportamento da filha dá nos nervos, mas ainda assim prefere contar até mil em vez de partir para a agressão física. “Nunca bati na minha filha. Dou esporro, berro, como se faz com um adulto. Questiono porque ela fez aquilo e peço para não repetir”, conta a dentista. Na casa dela, nem castigo tem vez. “Sou a primeira a ficar com pena e querer tirar, então é melhor nem pôr de castigo! Procuro dar o máximo de liberdade e, quando digo ‘não’, ela respeita”, revela, lembrando ainda que foi mãe cedo e talvez por isso o entrosamento entre as duas seja tão bom, um vez que não existe o chamado conflito de gerações.

Por mais que a má-criação seja daquelas, o tapa pode doer mais na mãe do que no filho. É o que conta a designer Carla Ribeiro, que confessa morrer de arrependimento quando bate nas crianças. “Eu só dou palmada em último caso, depois de pedir quinhentas vezes em vão. Mas depois eu choro escondido, me sinto incompetente como mãe por não conseguir me impor apenas através das palavras. Converso com eles e peço desculpas, explicando que não quero ter que fazer isso de novo e que espero que eles me obedeçam na próxima vez”, revela Carla. Mesmo sofrendo com isso, ela afirma que a palmada tem seu valor e que as crianças aprendem que não podem repetir o erro. “Tem vezes em que a palmada é um mal necessário”, teoriza.

Sem crise de consciência, há pais favoráveis a uma boa palmada de vez em quando, como o empresário Denis Bonfim. “Eles aprontam demais e brigam entre si. Ou seja, merecem apanhar. Tem coisas que eles só aprendem na porrada mesmo”, diz Denis, que é adepto da palmada, mas nunca da surra. “Tem gente que dá chinelada, cascudo, eu não concordo. Mas um tapa na mão ou no bumbum não faz mal a ninguém. Muito pelo contrário!”, completa.

A psicóloga Olga Inês Tessari assina embaixo e afirma que tem horas em que não adianta falar: só uma palmadinha adianta. “Não é pra bater quando está com raiva para não machucar a criança e sim mostrar autoridade, quando a argumentação não está funcionando, mesmo que seja em público. Dessa forma, os pais estão preparando os filhos para o mundo, que dá tantos tapas na gente”, defende a psicóloga, garantindo ainda que a criança chora na hora em que apanha, mas é capaz de entender que estava errada e que mereceu ser repreendida. Quando a criança revida o tapa, Olga sugere o seguinte: “mostrar o tamanho da mão e usar o argumento de que se a mãe for bater vai doer muito mais”, aconselha. Contudo, Olga não é de forma alguma favorável a surras ou palmadas com muita freqüência. “O recurso da palmada só vale em último caso. Se for um hábito, é sinal da falta de autoridade dos pais e hora de rever o tipo de educação que estão dando aos filhos”, diz ela.

Já terapeuta de família Verônica Muraro afirma a importância de dar limites às crianças sem recorrer à agressão física ou emocional. “A criança tem que saber que não pode tudo e que não manda nos pais, mas bater não é a solução para isso. Se não, ela vai achar que brigando e berrando é que se dá limites aos outros, uma vez que foi assim que lhe foi ensinado. Os pais têm que dar limite com limite”, pondera a terapeuta. Segundo Verônica, quando a criança vai crescendo, os pais devem tentar entrar em um acordo com ela.”O adulto deve mostrar que existem coisas chatas que precisam ser feitas, como estudar, comer verdura... Mas também existem as compensações como brincar, jogar videogame”, afirma Verônica, acrescentando ainda que a mesma mãe que diz “não” deve também sinalizar quando o filho fizer algo legal. “Assim ele vai ter a exata noção do que é bom e o que não é”, conclui.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS