FIBROMIALGIA

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O que é a Fibromialgia?

A Fibromialgia é um síndrome complexo que se caracteriza principalmente pela existência de dores generalizadas, cansaço extremo e perturbações no sono. Normalmente existe também a presença conjunta de vários outros sintomas que podem variar. Trata-se de uma condição crónica e debilitante.

O conjunto de sintomas pode ser aglomerado nas seguintes categorias:

- Mentais e Cerebrais: falta de concentração, problemas de sono, sono não reparador, dores de cabeça, visão nublada ou vista cansada, tonturas, letargia, irritabilidade, nervosismo, depressão, ansiedade, falta de memória.
- Musco-esqueléticos: dor aguda generalizada, rigidez matinal, entorpecimento dos músculos, tendões e ligamentos. As dores podem variar de intensidade e forma podendo existir vários tipos de dor: dor aguda, dor contínua que muda ligeiramente de intensidade, dores que mudam de sítio no corpo, sensação que os músculos se movem sozinhos, dificuldade em engolir e dor na articulação temporo-mandibular, dor no peito, Síndrome das Pernas Irrequietas (ou seja necessidade de mover as pernas constantemente, particularmente quando o corpo está deitado e sensação de que existe alguma coisa a andar na pele). Existe igualmente uma sensação geral de fraqueza muscular e por vezes a sensação de que impulsos eléctricos estão a atravessar o corpo.
- Dérmicos e cutâneos: Sensação de que existe algo a andar na pele, coceira, erupções cutâneas, e por vezes inchaços nas palmas das mãos e solas dos pés.
- Gastrointestinais: problemas intestinais, Síndrome do Cólon Irritável que inclui gases, dores, obstipação e/ou diarreia.
- Sintomas relativos aos órgãos Genitais e Urinários: sensação de irritação nos lábios vaginais, dores na vulva, dores vaginais, aumento das dores menstruais e uterinas, dor durante o acto sexual, infecções urinárias frequentes e sensação de precisar de urinar frequentemente.
- Outros sintomas: congestão nasal excessiva, unhas quebradiças, cabelo quebradiço e enfraquecido, sabor amargo e/ou metálico na boca, sensação de boca seca, irritação ocular ou vista cansada, zumbidos nos ouvidos, grande sensibilidade ao frio.

Por vezes a palavra “síndrome” é utilizada em vez de “doença”, isto acontece pelo facto de se tratar de uma reunião de sinais e sintomas que ocorrem em conjunto. Trata-se de algo que afecta inúmeras partes do corpo e, à primeira vista, pode até parecer que não existe interligação entre os vários sintomas. Por isso também a dificuldade em por vezes diagnosticar esta enfermidade.

É muito importante referir que a Fibromialgia NÃO É uma doença psicossomática.

O que é o Síndrome de Fadiga Crónica (S.F.C.)?

O Síndrome de Fadiga Crónica é igualmente uma condição complexa crónica e debilitante. O S.F.C. partilha os sintomas acima referidos sendo que alguns médicos acreditam tratar-se da mesma condição que varia de intensidade de pessoa para pessoa. Outros, no entanto, pensam que a fibromialgia é uma forma mais grave de Síndrome de Fadiga Crónica pois os doentes diagnosticados com Síndrome de Fadiga Crónica apresentam o cansaço extremo como primeira queixa podendo não se queixar de dores ou ter menos dores do que os fibromiálgicos. Por outro lado os doentes diagnosticados com fibromialgia têm normalmente nas dores a queixa principal, seguindo-se o cansaço.

Há ainda quem pense tratar-se de duas doenças diferentes, com causas diferentes que partilham alguns sintomas e que podem coexistir na mesma pessoa.
O Síndrome de Fadiga Crónica foi classificado pela Organização mundial de Saúde na categoria de doenças do sistema nervoso enquanto que a fibromialgia foi classificada como uma doença reumática.

O Síndrome de Fadiga Crónica é também conhecido por Síndroma de Fadiga Crónica e por Encefalomielite Miálgica.
É muito importante referir que Síndrome de Fadiga Crónica NÃO É uma doença psicossomática.

Quer se trate de duas doenças diferentes ou de variantes da mesma condição, é certo que ambas partilham mais do que os mesmos sintomas pois ambas podem ser igualmente devastadoras. Por isso e muito mais se justifica que ambas andem de mãos dadas a travar esta luta comum contra o sofrimento e pela informação.

O cansaço passa com descanso?

Infelizmente não. Quando se fala de cansaço no contexto da fibromialgia e S.F.C. NÃO estamos a falar de um cansaço normal resultante de actividades realizadas. Estamos a falar de um cansaço que se instala mesmo sem ter havido actividade e que não passa com descanso, estamos a falar de uma falta de energia constante que nunca mais passa. O cansaço pode ser de tal ordem que actividades tão simples como ir às compras, à casa de banho ou tomar banho se podem tornar tarefas verdadeiramente penosas e quase impossíveis de realizar. Pode ler mais sobre isto no artigo: Fadiga versus Síndrome da Fadiga Crónica.

A Fibromialgia e S.F.C. são doenças letais ou contagiosas?

Não. A fibromialgia e o S.F.C. só por si não causam a morte e não são contagiosas. Podem no entanto ser doenças incapacitantes pois os seus efeitos podem ser tão severos que os doentes podem deixar de conseguir ter uma vida social e profissional regular.

Quais as consequências para o doente?

Para além dos sintomas que os doentes sentem diariamente as doenças podem ter consequências graves na vida social, profissional e familiar. Em certos casos o doente pode deixar de conseguir ter uma vida social e profissional regular, por outro lado as doenças afectam também bastante a família e o ciclo de amigos pois a pessoa deixa de conseguir realizar as tarefas simples que antes tomava por garantidas. É essencial que a família e amigos compreendam as doenças e o que elas implicam para o doente, e que tentem dar a este o maior apoio e compreensão possível.

Quais as causas da Fibromialgia e S.F.C.?

Neste momento não se sabe com exactidão quais as causas da doença. Existem várias teorias e estudos que apontam para possíveis causas desde causas genéticas, causas de origem viral, consequência de traumas físicos ou psicológicos, causas relacionadas com o mal funcionamento to sistema imunitário, causas metabólicas, causas relacionadas com o sistema nervoso central e outras. Dada a complexidade da doença alguns investigadores admitem poder tratar-se de uma série de causas.

Quem pode ter Fibromialgia e S.F.C.?

Estima-se que entre 3 a 6% da população possa ter fibromialgia e S.F.C. Tanto as mulheres e os homens como as crianças de todas as idades podem ter estas enfermidades.

Os estudos indicam que existe uma percentagem maior de mulheres afectadas pela doença (cerca de 80%). A idade típica em que as doenças se manifestam vai dos 20 aos 60, no entanto também se manifestam nas crianças e adolescentes assim como nos idosos. As doenças manifestam-se em qualquer etnia e região do globo.

Quais os critérios de diagnóstico?

Neste momento não existe nenhum exame ou teste específico que permite saber se se tem fibromialgia ou síndrome de fadiga crónica. Em 1990 o American College of Rheumatology estabeleceu os critérios oficiais de diagnóstico para a fibromialgia. Estes incluem:
- Um historial de presença de dor crónica, generalizada em todas as partes do corpo, por um período superior a 3 meses;
- A presença de dor durante a apalpação de 11 dos 18 pontos dolorosos;
A apalpação deve ser efectuada exercendo uma força de aproximadamente 4kg.

Alguns estudos mais recentes apontam para o facto de os doentes reagirem com dor à palpitação de outros pontos no corpo para além dos identificados pelo American College of Rheumatology. É preciso igualmente ter em conta que a reacção dos doentes à dor pode variar de dia para dia pelo que o critério da presença de 11 dos 18 pontos tem as suas limitações. A existência de dor generalizada está hoje associada à fibromialgia.

O facto de os exames de rotina e raio-X serem normalmente normais, faz com que seja também crucial que o médico reveja cuidadosamente a história clínica do doente para que o diagnóstico correcto seja alcançado.

Um dos outros passos necessários terá de ser excluir outras doenças cujos sintomas sejam semelhantes através da realização dos exames e testes necessários. Embora a fibromialgia e s.f.c. possam coexistir com outras doenças, é necessário verificar que outras doenças não são erroneamente diagnosticadas como fibromialgia ou s.f.c. Entre as doenças que podem causar alguns sintomas semelhantes inclui-se: lupus, HIV/Sida, leucemia, doença de Lyme (causada por uma bactéria de que algumas carraças são portadoras), febre da carraça, hepatite C, esclerose múltipla, artrite reumatóide e outras formas de artrite, problemas da tiróide, doenças neuromusculares (como miastenia gravis), infecções (como mononucleose).

Quais as opções de tratamento?

Infelizmente neste momento não existe cura, no entanto existem várias opções de tratamento. Estas dependem grandemente do médico ou profissional de saúde que visitar e da abordagem que este tiver.

Medicamentos: existem vários medicamentos que podem ajudar a minorar ou aliviar os sintomas. Para os sintomas mentais e cerebrais são normalmente utilizados tricíclicos e anti-depressivos e outros comprimidos para ajudar a dormir. Para combater as sintomas musco-esqueléticos são utilizados comprimidos para as dores como o paracetamol e outros componentes e por vezes ainda relaxantes musculares.
Ervas e Suplementos Naturais: existem várias ervas e suplementos naturais e complexos vitamínicos e energéticos que podem ajudar a fortalecer o organismo, combater os sintomas e a balançar os níveis naturais de minerais essenciais como cálcio e magnésio que normalmente se encontram em níveis bastante baixos nos doentes com fibromialgia/S.F.C.. Existem também complexos energéticos naturais e substancias naturais para ajudar o sono, a depressão, as dores e a ausência de energia.
Guaifenesin: Outra abordagem que tem tido algum sucesso no tratamento da fibromialgia e S.F.C. é a de um médico norte-americano que tem vindo a utilizar uma substância chamada guaifenesin para combater a doença. Se quiser saber mais sobre esta abordagem clique aqui.
Outras: Existem ainda um conjunto de outras abordagens que podem ajudar a melhorar alguns sintomas ou que podem complementar o tratamento e que têm beneficiado alguns doentes como: ginástica leve e aeróbica, fisioterapia, hidroterapia, massagens, homeopatia, reiki, meditação, yoga, acupunctura, tai-chi, e outras.

É também muito importante que os doentes aprendam a adaptar a sua vida e aprendam a não exigir de si o impossível. O contacto com outros doentes e grupo de apoio e auto-ajuda pode também ser uma parte fundamental no tratamento.