Particularmente, nunca fui o que alguns no Partido dos Trabalhadores dizem ser: incondicionais. Sempre que escrevi sobre a entidade apontei suas falhas e elaborei queixas construtivas, atraindo a desaprovação dos radicais que se dizem “petistas”.
No meu entendimento, ser petista é mais ou menos como ser flamenguista ou corintiano - é visceral! E eu não consigo ser visceral porque sou racional daí, nem posso ser radical. É difícil, após anos de vida, mudar para simplesmente agradar.
Quanto ao partido, penso que deveriam pontificar mais consenso e menos colisão. Mais união e menos vaidade.
Não é nada fácil estar no poder porque o poder corrompe!
A tendência natural do político – em especial aquele que vem da periferia – é ser vaidoso e prepotente. Penso que ele não assimila a lição elementar da vida: que o sucesso é volátil, frágil mesmo. Esquece que o poder emana do povo. Esse povo é eleitor, vota e elege, mas, também derruba quem está em cima.
Como na música popular, “a vaidade é assim, põe o corpo no alto e retira a escada, mas fica por perto esperando sentada, mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão”. Lindo, de fato e de direito. Irreversível e incontestável. É a vida...
Apesar da clareza com que as atitudes evidenciam os resultados, os políticos não assimilam o dever de casa e a ficha custa a cair. Alguns estão na cadeia, outros, no ostracismo, muitos na impunidade. Duro é saber que seguirão impunes nos seus cargos, corrompendo, pregando moralidade, dignidade e cidadania, quando deveriam estar guardados na cela da cidadania aviltada.
Pulhas, parasitas da sociedade, malta, súcia da Nação!
No meu entender pessoal intransferível, fruto de muita leitura e do jornalismo militante exercido através de centenas de opinativos publicados, o atual Presidente da República é aquela bucha que entope o canhão da massa que nunca esteve tão próximo da explosão. De alguma forma ele está impedindo o pipocar de uma baderna social previsível que se transformaria em guerra civil. Ele jura que sabe dirigir o País, mas, pode perder a carteira de habilitação por excesso de multas!
Os analistas pregam que existe pólvora suficiente para o conflito e não há fogo para acender o estopim. Mas, convém lembrar que inocentes fatos da História Universal geraram guerras e conflitos.
Os riscos que a humanidade experimenta estão assentados na força das palavras: o homem é lobo do homem, e o fel da civilização escorre, justamente, da boca do homem...
Quanto à questão de sustentar minha filiação ao PT, apesar de incompatibilizado com a forma vigente de governar dos meus pares, não posso me assumir um petista, antes, a milionésima parte do partido desde sempre, antes mesmo do seu nascimento: desde os 11 anos de idade, quando eu trabalhava numa fábrica de vidros em troca 13 cruzeiros e 20 centavos diários.
Sou trabalhador na acepção da palavra, porque batalho meu próprio sustento e não recebo qualquer provento do poder público para garantir a sobrevivência. Ao contrário, junto com milhares de contribuintes indignados, sou cobrado e sempre paguei, mesmo injustamente, para manter escassos privilégios da cidadania.
Na atual conjuntura, devemos nos dar as mãos para enfrentar dificuldades incomuns que se abatem sobre a vida nacional, mais especificamente sobre os cidadãos que resistem às tempestades e furacões que emanam dos poderes que teriam obrigação de proteger nossas simplórias existências.
Mesmo sem querer, as sociedades estão apodrecendo, manipuladas pela falta de escrúpulos e de caráter, banalizadas pelo mau uso constante. Crianças aprendem na tevê o que está disponível na mídia e o que é exibido está bastante ruim. Assim, caminhamos para o fosso comum, sem arrimo, desprezados os direitos elementares de cidadania impressos na Constituição Brasileira.
No país de tantas legislações, falta justiça. Daí, sobrevivermos em estado de estupefação e impunidade.
O atual presidente não é Deus nem carrega a solução na manga do paletó Armani - tanta perplexidade, malversação do Erário, traições pessoais e parlamentares, corrupção ativa e passiva que jura desconhecer. Porém, tudo acontece dentro do próprio Estado que ele dirige.
Dai apesar do que foi dito ou se diz, o presidente é o azimute que vai dar continuidade e propor novos rumos na vida brasileira por mais quatro anos – até mesmo porque não raiou no cenário político quem faça frente à máquina do Governo que verbaliza a arrogância de quem está, confortavelmente, no uso-fruto da situação.
Usando a verborragia contumaz carregada de ironia, ele lembra aos participantes do embate político que a próxima partida está ganha antes do jogo começar e até sugere, segundo entrevista recente, que “eles têm que aprender a ser derrotados”...
Toni Marins, jornalista