LUIZ ZATAR TABAJARA - ETAPAS DA VIDA- Quando uma poetisa se transforma em personagem

 Existe algo maravilhoso quando se escreve... especialmente quando somos iluminados pelos mistérios e casas que se foram na correnteza do tempo que CASSIA DA ROVARE persegue e nos conta, com maestria. Vocês irão se deliciar com os versos desta paulista que ainda encontra no reflexo da penteadeira a menina e a mulher, a amante e a atriz. Cassia é sempre maior do que se pode falar dela, ela é simples e nessa simplicidade ela é capaz de tornar a vida de qualquer um maior que a própria vida.


Era para ser um poema em prosa ou uma prosa em conto... extraí toda a beleza da alma genial de outra escritora genial, a Paulistana CASSIA DA ROVARE, ela pode dizer que a roub ei, que roubei suas memórias, ao contrário, nem a expus, nem a copiei, quero fazer uma homenagem a essa mulher riquíssima de talento, de lembranças, que não deixa de ser outra das grandes mulheres escritoras como nossa Lygia fagundes Telles: Cássia, suas poesias perfumaram meus sonhos, entraram de repente pela janela e voce se tornou personagem... Embora esteja ainda em formato e linguagem poética, com toda a licença do uso magnífico de suas palavras, quis abordar a menina que se transforma na mulher de uma metrópole e quero mostrar o meu desejo de transformá-la em conto. Este processo, participo a vocês, sem excluir a beleza da alma feminina, Eis meu rascunho de Acácias no Jardim.

Cassia, por acaso, Acácias


Na casa, na varanda,tocando violão
sentia o cheiro do pão caseiro,
café moído e torrado, ali mesmo, vindo da casa, das vozes que iluminavam os dias
de mamãe apoiada no velho fogão de lenha.
e lá fora o rio descendo,
o rio enorme, a tarde com cheiro de flor de laranjeira a beijar minha testa
cheiro de pão fresquinho com a manteiga caseira
a noite estrelada salpicada de balões...
Saudade do violão tocando até de madrugada.
hoje, queria ouvir mamãe chamando, avisando que o pão feito pelas suas mãos estava pronto,
queria papai me pegando pela mão, me beijando a testa me chamando de coração.
E penso, que ali, naquele instante, o rio levou minha vida
TOMA-ME PELA MÃO
QUERO O CHEIRO DO MATO
PARA VER DE NOVO OS PÁSSAROS
QUERO O eterno VERÃO quando as cigarras cantam a NOITE CHEGANDO
Lá fora, POEIRA e chão de terra
Rodas de um trator, marcas de u um carro que nunca passou
CASSIA
Ainda escuto alguém me chamar
Podia ser até Clark Gable, Rett Butler
Olho para trás e só vejo a triste casa
O tempo bandido
A velha história de amor
Não podia eu ser Scarlet?
Gostaria de falar da felicidade,
da vida encontrada, das coisas arrumadas,
da solidão afastada,
Mas hoje a menina que cresceu na cidade grande ficou vazia, emudeceu
já não tem mais a coleção de folhinhas
Olho e vejo em meus olhos, a dor, a tristeza, a melancolia
enquanto os labios se abrem num sorriso mentido, pra disfarçar a realidade.
É o rio que chama, papai em algum ponto do caminho a estender os braços
o ninho de beija flor
a quitanda,
Serena paixão enlouquecida, digo para mim, o rímel escorrendo do olho
Onde ficou o sorriso largo, o batom carmim borrado num canto dos lábios, sua foto preto e branca caída por sobre a penteadeira, sobre uma propaganda de um filme numa revista barata:
The Postman always rings Twice
seu gosto na minha boca, sua boca, seu pelo
Não, eu não estou falando de um cachorro... caio na risada ao lembrar de ti, de mim, desta nossa encantada loucura
O que foi que nos sobrou, o que a vida acabou por fazer com a gente?
Não podia eu continuar sendo Scarlet, num vestido de veludo vermelho
Não podia ser Olivia de Havilland? Bette Davis? Fernanda Montenegro?
Não, o carteiro hoje não chegou, antes trazia notícias de você,
hoje sei que não voltarei a te ver, que não riremos mais juntos
que não haverá mais o luar
e porque tanta certeza, Cássia?
Teu peito é meu peito, teu corpo é meu corpo, você me escreveu
e eu repeti isso com as mãos tremulas quinhentas mil vezes, teu peito é meu peito teu corpo é meu corpo...
nadávamos num mar imenso de estrelas que nos iluminavam
a chuva caia quente e pesada sobre nós
Teu peito é meu peito, teu corpo é meu corpo
e eu te sentia penetrar quente, macio, suave em meu corpo e seu sorriso parecia ir se desfazendo com a chuva, se apagando como as
folhas das árvores, e de repente, estava de novo a olhar para meu reflexo no espelho, uma mulher só, a se maquiar para um baile fantasma
a se preparar para um convite que nunca chega
a esperar a campainha tocar duas vezes
a fechar os olhos, e desejar escutar sua voz sussurrar: Você é tudo...
A única coisa verdadeira em mim é o medo, a saudade, a procura
a insensatez, pernas e bocas se contorcendo na cama, náufragos á procura de terra,
silencios à procura de almas
Se ao menos voce tivesse me prendido em sua casa e me colecionado, se ao menos eu pudesse estar junto ao teu retrato,
não dentro de um shopping ou sozinha pintando quadros
às vezes à noite eu tenho aquele mesmo sonho, o carro para e entra num portão de ferro e atravessa os mesmos caminhos
E sei que estou voltando para Manderley
é nesse ponto em que acordo e o gato preto de olhos amarelos está tomando conta de mim por sobre o aparelho de CD
Olho para a penteadeira e vejo você, com a camisa branca de papai como costumava usar
os olhos de moleque, como se esperasse que voce fosse a primeira coisa que eu visse ao aocordar
E sei que chove lá fora, nas telhas, nos caibros, nas calhas,
a chuva parece inundar a rua, as alamedas de árvores, parece inudar o mundo todo agora
Cássia, voce sussurra e então compreendeo que é real como a vida que seguia naquele rio, naquelas noites
e me perco novamente edentro dos seus braços
Cássia, por acaso, Acácias no jardim 

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