Os Tavares, os Silvas, os Almeidas, os Pratas
e a HISTÓRIA DE MACAÉ.

José Milbs de Lacerda Gama


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Minha bisavó Adelaide e meu bisavô Emílio Quintino da Silva eram oriundos de um distrito .Uma espécie de lugarejo que ficava distante de Macaé umas 4 horas ou 5 a cavalo Era uma cavalgada por entre árvores gigantescas, pequenas choupanas e alguns casebres que beiravam a linda restinga de Jurubatiba. Eles nasceram em um lugar um lugar chamado Capelinha, que tinha este nome devido a uma Capela feita por Padres Jesuítas e que eram freqüentadas nos domingos por habitantes dos lugarejos visinhos.

Adelaide nasceu em 1847 e Emilio em 1853. Ela cabocla de cabelos longos e aloirados, olhos verdes. Ele cigano, trocador de cavalos. Ela nativa dos sertões de Carapebus, com mãe India (tribo dos Urutús) e pai Portugues. Casados, moravam em Capelinha do Amparo onde um pequeno sitio servia de morada e os alimentava.

Diziam eles para mim, em noites de frio e contentamento, que tinha também em Capelinha um pequeno cemitério em terras doadas por eles.

Rui Pinto da Silva que além de sobrinho de Emílio era paisagista e que trabalhou em Brasília com Oscar Costa e Niemayer me contou, já com 89 anos, que havia uma época, e disto quem lhe contou foi seu pai Luiz Pinto, que não chovia na região a mais de um ano e sua mãe prometeu se viesse a chuva a família construiria um cemitério e uma capela nas terras deles em Paciência ou Capelinha.

Como temos estes dois prometidos lá, embora em ruínas a de se afirmar que choveu, colheram milho, feijão e a pequena quantidade de gado não morreu.

A mãe de Ruy se chamava Joventina Neves da Silva trabalhou na fabrica de fósforos ORION que fez sucesso em Macaé no inicio do século com emprego e mão de obra. Esta fábrica nao consta de nenhum histórico da vida da cidade. É uma inédita informação que é passada de parente para parente, já que todos nós somos desta regiao.

Acho até que a preocupação de se dar um cunho de sangue azul misturado com sangue de escravos torturados e burgueses, que fediam a leite de granja, pode ter colocado viseira de burros em que se meteu ca contar história de vencedores. Estes contadores contadores, maioria quase absoluta ligados aos latifundios, senhores de terras e criados em berço de ouro, esqueceram que as origens da vida social, Política, cultural e genética de qualquer cidade do interior, se fez e se faz com sangue genuinamente caboclo, nativo e de gente simples e alegre. O Brasil, o Estado do Rio de Janeiro e, principalmente Macaé e sua região, foram dominados pelos invasores mais não se acocoraram. Eram os donos das Histórias e senhores de suas lembranças.

Vai daí que, desculpada as ausências, em vida, ou em prosa, vou fazendo reviver o que de fato acho que contribuiu para que a cidade não tivesse sito tragada definitivamente pela onda monarquista que ventava com raízes monárquicas e que, com marcas de chicotes, bebedeiras e homossexualidades reprimidas, oriundas dos senhores barões e seus troncos, ficariam esquecidas.

Esquecimentos forçados em homenagens como a que fizeram a um Barão de Cotegipe que em boa hora a edilidade, transformou em Julita Oliveira símbolo da mulher guerreira e nativa de nossa região.

Acho que compete ao vencedor fazer mesmo a sua história. Ao vencido, ou o conformismo ou a conspiração para volta. No caso dos Monarcas burgueses, eles foram vencidos e como tal o esquecimento. Este Barão de Cotegipe, a exemplo da maioria dos seus pares usaram da chibata, da maldade para impor suas mazelas familiares. A repressão sexual importas a esses senhores os faziam sentir-se bem maltratando infelizes negros acorrentados nas senzalas e troncos espalhados pela região de nosso litoral e planíncie.

Habitaram em Campos, Quissamã e outras regiões com festas para monarcas e destas festas, na calada da noite, em camas perfumadas, entregavam filhas para sugarem descendências de nomes dos maiorais da época como Caxias e os Dons Pedros da vida.

Os varões da Corte vinham para o interior para espalharem suas raças com as mucamas brancas com cheiro de Usinas e Fazendas imensas. Era uma prostituição regada a vinhos portugueses com catinga de sangue azul na mistura etílica de doideiras, caretas e cores disformes de peles embranquecidas e asquerosas.

O branco da cor destes senhores prostitutos, neste século de maldades deu frutos a gerações reprimidos e doentes que ainda infestam a região canavieira de Campos e Macaé. Com o tempo, misturados a sangues nativos, haverá o seu término em futuro próximo.

Os desvios de condutas da sexualidade dos senhores feudais ainda correm nos sangue de muitos descendentes que não deverá demorar ao filtramento pela mistura com raças mais bem dotada de natividade e amor.

È bom registrar que, com a falência destes representantes da exploração feudal e monárquica, o século que se findou já deu para sentir a mistura de raças de uma nova Macaé, geneticamente democrata.

Os Bairros Miramar e periferia dele, habitado por famílias de ferroviários a exemplo dos Cavaleiros, Vivendas da Lagoa, São Marcos, Lagoa de Imboacica, Bairro da Glória e Nova Aroeira que se misturaram a novos habitantes com a chegada do petróleo. Isto fez com que, a extensa democratização de homens e mulheres, fizesse a cidade se fortalecer em sua genética e partisse para a real e verdadeira forma da existência humana que é a mistura de nossas raça.


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