O Cotonete Azul e A Nova Democracia

José Milbs de Lacerda Gama

Uma viagem ao redor da mente. 
Saber de sua abertura e existência... 
Olhar o velho mundo se distanciar. 
Saber do belo ... 
Ouvir a voz do vento... 
O murmúrio do passarinho... 
Viver. 
Saber da vida... 
(José Milbs)

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Estava com o computador ligado. Correndo atrás de leitores virtuais para o teimoso O REBATE on-line que edito no www.jornalorebate.com. Às vezes tentando entender a alienação que, a maioria das pessoas que usam o orkut, deixa a mostra. Imaginando poder entrar e lançar alguma semente, sei lá, fazer a geração que fica trocando figurinhas sem carimbo em sem sentido nenhum de vida ou mudança social, quando recebo o telefonema de meu editor no Jornal AND. O mestre Moreira Chumbinho, sempre atendo aos padrões gráficos, me avisa, com sua voz que sonoriza carinho, afeto e companheirismo:

Milbs, no máximo 12 mil toques. Lá vou eu, teclando e contando, já que esqueci de fazê-lo como a Ana Lucia me ensinou.

Tentarei atender o desejo de meu companheiro e editor de A Nova Democracia, dando uma visão dos últimos momentos de minha vida ocorridos no computador com a presença de pessoas que não via o rosto mais tentava ver a alma. Pessoas de todo lugar do universo e planeta e que ficam nas manhãs, tardes e noites em busca de uma companhia. Gente simples, gente diferente em idéias; Algumas até arrogantes. Muitas verdades, muitas mentiras e muitas frustrações no decorrer de um tempo que vivi e gostei de conhecer.

Parece que o distanciamento do mundo real com suas violências e maldades fazem com que a busca do desconhecido se torne uma maneira de se sentir liberado na proteção que a tela do micro fornece.

A alegria de um encontro marcado por “oi” e “oiee” se faz presentes na forma mais sutil que se pode ter quando se inicia uma conversa longa e curiosa. De um lado um e do outro outro. Ambos se pesquisando em busca de verdades, às vezes escamoteadas e escondidas.

Fotos que chegam, fotos que vão. Algumas são do próprio que tecla e outras não. A formatação da verdade fica por conta do desejo de cada um na escolha de sua própria verdade. As idades são ditas na medida em que não seja preciso escamotear e, ‘a cidade de onde teclas' ficam a critério de cada um. Você pode morar em Brasília e dizer que esta em Santarém no Pará ou em Conceição do Coité na Bahia.

Faz parte desde jogo de sedução virtual a descoberta da verdade das teclas. Elas, as teclas, são emissoras de energias que os dedos levam de maneira que, com o tempo as pessoas vão se tornando amigos de forma a se transformarem, em objeto de saudades, quando nas ausências em salas e nos programas do tipo irc, msn e icq.

Acostumado que fui às artimanhas e a sutileza do mundo real, jamais podia imaginar que as belezas ocultas nas teclas e nas figuras virtuais pudessem vir se tornar um maravilhoso mundo de experiências novas. As salas de bate-papo, as idas e vindas ao icq foram cimentando uma experiência de valores que se tornaram mais intensas na medida em que o forjamento de amizades vão se alastrando no formato que o mundo virtual nos proporciona.


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