Desabafo de um agricultor

110 300x198 Desabafo de um agricultorAbaixo vocês lerão carta que nos enviou um agricultor do oeste do Paraná, que se sente “encurralado” por querer manter-se fora do sistema imposto pelas empresas de transgênicos e seguir produzindo suas próprias sementes.
A família dos Guerini voltou do Paraguai em 2001, após alguns anos de agricultura convencional nas terras que lá estavam sendo “desbravadas”. Decidiram manter-se na agricultura porque é a atividade que amam e o que sabem fazer. Para isso buscaram uma área vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu tendo em mente um projeto de agricultura orgânica. Mas por diversos motivos a ideia acabou não se viabilizando como planejado. A zona de amortecimento de impacto no entorno de unidades de conservação caiu de dez quilômetros para 500 metros para o plantio de soja transgênica.
As sementes convencionais registradas eram compradas e plantadas como convencionais, mas já vinham contaminadas. O produtor prejudicado ainda corria o risco de ser penalizado por ter plantado sementes transgênicas na margem do Parque e sem pagar o royalty cobrado pelas empresas. “As sementeiras não sofrem nenhuma penalização por vender sementes contaminadas, o agricultor sim”, denuncia.

Desabafo de um agricultor
“Encurralar: meter em curral, encantoar em local sem saída, sem opção de escolha, perda da liberdade… É assim que está o agricultor que não deseja aderir ao plantio de organismos geneticamente modificados, no meu caso a soja e o milho.
Gostaria que me permitissem um desabafo.
A agricultura, atividade milenar que fixou o homem tirando-o do nomadismo, criou a possibilidade de a civilização se desenvolver, é a pedra angular na produção de alimentos para a humanidade. Hoje é uma atividade controlada.
A produção de alimentos é entendida, ou pelo menos deveria ser entendida pelos governantes de um país, como um ponto estratégico, segurança alimentar.
A nação que se autossustenta na produção de alimentos tem uma vantagem óbvia em relação às que não forem capazes. Mas, pelo que tudo indica, nossos governantes (eu me refiro em especial aos parlamentares, congressistas que compõem a bancada ruralista) não estão dando importância para a autossustentabilidade e a segurança alimentar da nação. Se eu pudesse, gostaria de fazer algumas perguntas a esses parlamentares que me referi acima.
Por que depender de uma tecnologia criada por um concorrente que tem por principal objetivo o controle sobre as sementes e os agricultores e o controle sobre a produção de alimentos no mundo?
Por que deixar corporações estrangeiras ditarem as regras de um setor tão importante?
Será que, com todos os cientistas e mentes brilhantes que temos aqui no Brasil, não seria possível encontrar uma outra solução para os problemas enfrentados pela agricultura além dessa proposta dos organismos geneticamente modificados?
Do agricultor foram tirados todos os direitos básicos elementares de optar por um ou por outro sistema de produção, de poder guardar as suas sementes, a liberdade de escolha.
Além do agricultor ter que arcar com o risco das intempéries, das mudanças climáticas e de toda má sorte que pode ocorrer desde o plantio até a colheita, ele é jogado no covil desses leões famintos que são essas megacorporações que estão nos empurrando para um brete sem saída. E o pior, com o aval de quem deveria nos proteger.
Quem deveria nos proteger são os representantes do setor agrícola no Congresso. Criando leis, mecanismos que impeçam essas corporações de fazer o que bem entendem, de fazer com que o agricultor fique cada vez mais dependente, mais endividado, mais impotente, mais desesperado, mais sem saída.
Afinal, bancada ruralista, a quem vocês estão representando mesmo?
Grato pela atenção,
Silvio Guerini”

* Publicado originalmente pela Agricultura Familiar e Agroecologia AS-PTA e retirado do site Mercado Ético.

 

(Mercado Ético)
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