Assédio sexual é parte do trabalho de camareira

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Dominique Strauss-Kahn

Nova York, Estados Unidos, 24/5/2011 – Os maus-tratos dispensados a empregadas e empregados de hotéis luxuosos vieram à tona após a detenção do agora ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, acusado de tentar violentar uma camareira em seu quarto de US$ 3 mil por noite. A maioria das camareiras é de imigrantes que não se atrevem a fazer denúncias por medo de perder o emprego ou ser deportada. Trabalhadoras do hotel ouvidas pela IPS disseram que são comuns incidentes de caráter sexual, desde propostas até assédio.
Muitas afirmaram que as autoridades costumam olhar para o outro lado por atenção a hóspedes de alto perfil. “Acontece o tempo todo”, disse à IPS uma ex-funcionária do luxuoso Hotel Mercer, no bairro novaiorquino do Soho, que pediu para não ser identificada. “Este caso foi extremo, mas não é raro que as camareiras sejam assediadas ou até mesmo agredidas. Quando se trabalha em hotel costuma-se ouvir comentários desrespeitosos ou ofertas para ficar com clientes homens em troca de dinheiro”, acrescentou.
“A maioria dos homens que se hospeda ali é de empresários de alta classe. Têm o dinheiro e o poder de fazer o que bem lhes agradar e acreditam que sempre se darão bem”, disse a ex-funcionária, ressaltando que o pessoal da limpeza costuma ser reticente em fazer denúncias por medo de não contar com o apoio do hotel, segundo a máxima de que “o cliente sempre tem razão”. Se o “empregado não está satisfeito com o tratamento recebido, os gerentes querem mais é que vá embora, que procure outro trabalho”, acrescentou, para descrever a situação reinante nesse meio.
Contudo, para muitas camareiras, buscar um novo emprego não é uma opção. Algumas não têm documentos em dia e outras possuem visto de trabalho que as atam a contratos específicos. As duas situações as deixam em situação vulnerável e as obrigam a trabalhar muitas horas, receber baixos salários e, em alguns casos, serem vítimas de abuso físico ou sexual. “O controle exercido pelos empregadores sobre trabalhadores estrangeiros e a percepção de ‘propriedade’ que existe na relação faz com que os imigrantes temam perder o trabalho”, explicou Jeremy Richards, advogado especialista em direito migratório.
Strauss-Khan renunciou ao seu cargo no FMI para se defender das acusações surgidas do incidente do dia 14. Cidadão francês, está em prisão domiciliar em Nova York, após ter pago fiança de US$ 1 milhão, além de outros US$ 5 milhões para assegurar seu comparecimento perante o tribunal. Sobre a camareira em questão pouco se sabe, a não ser que é imigrante da África ocidental de 32 anos, mãe de um adolescente e que trabalhava há três anos no hotel Sofitel.
Desde que ela fez a denúncia, outras duas empregadas contaram que receberam propostas sexuais de Strauss-Khan durante sua estadia. “A situação da maioria das camareiras é, sem dúvida, delicada, não só porque costumam ser imigrantes, mas porque estão no degrau mais baixo da hierarquia”, afirmou Janaina Santos, recepcionista de um luxuoso hotel em Manhattan. “A hospitalidade é uma das maiores indústrias em matéria de ganhos e não é difícil substituir empregadas”, disse à IPS.
É possível que o incidente force mudanças nas políticas de segurança do hotel, que, antes do episódio protagonizado por Straus-Khan, se concentravam na segurança dos hóspedes. “Existe preocupação pelo comportamento dos empregados em relação aos hóspedes, mas não lembro de ter visto nada, pelo menos na minha função, sobre como reagir no caso de ser agredido por um deles. É interessante, considerando que não é um problema novo”, afirmou Janaina.
O diretor-gerente do Sofitel, Robert Gaymer-Jones, divulgou um comunicado, no dia 16, declarando que a gerência do hotel estará à disposição para colaborar com a investigação policial. O comunicado destaca a prioridade do hotel em garantir a segurança dos hóspedes e do seu pessoal.
“Para proteger os hóspedes e trabalhadores, o Sofitel Nova York implementou um rígido procedimento e uma linha telefônica direta para que os empregados possam denunciar qualquer situação. Há mais de um ano que as medidas foram adotadas”, diz o comunicado. “A gerência do hotel não tem conhecimento de nenhum outro caso de tentativa de violação”, afirmou o diretor-geral em resposta à acusação de um integrante do parlamento francês sobre as autoridades terem ocultado episódios semelhantes anteriores. Envolverde/IPS

 

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