Massiva mobilização na greve geral de 15 de Dezembro na Grécia

No dia 15 de dezembro realizou-se a 14ª greve geral no período de um ano (desde 17 de dezembro de 2009) contra as bárbaras medidas antipovo do governo socialdemocrata, apoiadas pela União Europeia (EU) e o FMI.

A greve geral de 24 horas, convocada pela Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), abarcou todos os setores da vida econômica e social do país: processo de produção suspenso nas fábricas, transportes públicos parados, paralisação de aeroportos e portos, escolas e universidades fechadas e hospitais que só atendiam casos de emergência.

Desde a madrugada, em 15 de dezembro, milhares de comunistas, membros do Partido Comunista da Grécia (KKE) e da KNE, juntamente com outros militantes, formavam os piquetes de greve nos portões das fábricas, nas rampas dos navios e em cada lugar que fosse necessário para garantir a greve.

Em 15 de dezembro a PAME organizou manifestações em 63 cidades, com a participação da grande maioria dos trabalhadores grevistas, mostrando deste modo que cada vez mais trabalhadores viram as costas aos dirigentes sindicais das Confederações dos trabalhadores no setor público e privado (GSEE e ADEDY) que participaram abertamente ou em segredo nos diálogos sociais que decidiram estas medidas selvagens contra os trabalhadores.

Os pequenos comerciantes, os trabalhadores autônomos e os agricultores pobres e médios manifestaram-se junto com os trabalhadores e empregados, enquanto era evidente por toda a parte a ampla participação da juventude (estudantes e trabalhadores) nas mobilizações da greve.

Nas vésperas da greve nacional

Cabe destacar que nas vésperas da greve a maioria do governo aprovou no Parlamento legislação que aboliu acordos coletivos, cortou salários, aumentou a tributação indireta para as camadas populares e reduziu os impostos sobre o grande capital.

No concreto essa legislação estabelece:

• A redução total de salários (de 10 a 25%) dos trabalhadores nas antigas indústrias estatais e nas empresas de serviços públicos

• Abolição de acordos coletivos na indústria no setor privado e sua substituição por "acordos especiais em nível de empresa", sem quaisquer restrições e com cortes nos salários que chegam a 30 e 40%

• Generalização das demissões, todas as formas de relações de trabalho flexíveis (emprego em tempo parcial, emprego por rotatividade, demissões coletivas temporárias, etc.), mudanças drásticas em turnos, férias, licenças, bônus ficarão ao arbítrio dos empregadores, dos patrões

• A redução de 10% no pagamento das horas extras

• O período de experiência é aumentado de 2 meses para 12 meses para um novo empregado, de modo que os empregadores possam empregar trabalho barato através desta forma de "reciclagem"

• O aviso prévio para demissão é reduzido a um mês

• Grande alívio fiscal para o capital

O KKE combateu no parlamento esta legislação anti-povo, enquanto que os comunistas e as forças sindicais com orientação de classe que estão reunidas na PAME desempenharam um papel importante nas greves em uma série de setores, que começaram desde o início da semana.

Na terça-feira, 14 de dezembro, realizou-se uma reunião entre a secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, com o primeiro-ministro do país, G. Papandreu, a pedido deste último. "Nós não concordamos com nada. Nossa avaliação é que a verdadeira guerra começa agora". Esta é uma posição clara e inegociável do KKE em relação às políticas do governo e dos seus aliados e também em relação às tentativas de criar um clima de consenso em relação ao extermínio do povo. Posições que a secretária-geral do CC do KKE reiterou nas declarações logo após a reunião solicitada pelo primeiro-ministro para tratar das questões que serão discutidas na próxima reunião de cúpula da UE.

Na manifestação central em Atenas

Dezenas de milhares de trabalhadores e jovens participaram na manifestação de massa organizada pela PAME na Praça Omonoia, no centro da cidade. Dali seguiu-se uma grande passeata pelas ruas de Atenas, que passou pelo Parlamento na Praça da Constituição.

No entanto, os meios de comunicação internacionais mais uma vez enfocaram os incidentes isolados dos mecanismos de provocação da polícia e não as centenas de milhares de trabalhadores que se manifestaram em dezenas de cidades gregas.

Aleka Papariga, que esteve à frente da delegação do KKE que participou no comício central da PAME em Atenas e na marcha massiva que se seguiu, fez as seguintes declarações aos jornalistas:

"Nenhum consentimento. Nenhuma trégua. Medidas secretas e oficiais foram programadas para serem executadas até 2014. Ou bem se levará o povo à bancarrota ou o sistema político. Nós lutaremos contra o sistema, vamos pressioná-lo e derrubá-lo. Não há outra opção. Vinte anos atrás os trabalhadores podiam obter algumas conquistas através das suas lutas, mas hoje precisamos de uma mudança radical e só o povo pode realizá-la".

Pontos chaves do principal discurso

O orador central da concentração, Giorgios Perros, membro do Secretariado da PAME, saudou em nome da PAME, PASEBE, PASY, MAS e OGE os milhares de trabalhadores, jovens, desempregados, empregados, os trabalhadores autônomos que hoje unem os seus punhos, a sua força, a sua luta conjunta e também a sua necessidade de reforçar a luta contra o inimigo comum – o governo, os monopólios, seus representantes políticos, a UE, que em conjunto e de um modo unificado golpeiam a vida da nossa classe e também arruínam os trabalhadores autônomos e destroem os agricultores pobres.

E acrescentou:

"A responsabilidade que cai sobre os ombros do movimento classista aumenta dia a dia. As grandes lutas, os conflitos duros com as transnacionais estão por vir. Nós nos prepararemos e os varreremos...

Ninguém deve baixar a cabeça nem aceitar as novas medidas bárbaras que nos condenam e aos nossos filhos à pobreza, ao desemprego, à insegurança. Ninguém deve acreditar mais nas mentiras e nas chantagens do governo PASOK e do ND. O novo crime contra os trabalhadores que ataca salários e direitos trabalhistas não tem relação com o déficit e com a dívida.

Condenam as famílias da classe operária e dos trabalhadores à pobreza para garantir que os grandes empresários que ontem fizeram uma fortuna, façam agora ainda mais lucros.

A concentração e a greve de hoje são especialmente importantes. Não são apenas mais uma greve e uma manifestação.

• São especiais não só pelo seu tamanho e combatividade

• São especiais não só porque expressam a rejeição total e a condenação destas medidas bárbaras e opressivas do governo, da associação de industriais e da troika. Rejeitamos e devolvemos ao governo, ao primeiro-ministro, aos seus ministros, aos deputados do governo, assim como aos do ND e LAOS, as suas falsas e hipócritas lágrimas quanto aos tormentos dos trabalhadores. Eles não estão somente atacando os direitos, mas protegendo e fortalecendo a ditadura dos monopólios.

• São especiais porque esta greve, esta manifestação, pode tornar-se o ponto de partida para o desenvolvimento e mudanças no movimento operário e sindical.

Conclamamos a um acordo por uma linha unificada de luta:

1) Resistir em todas as fábricas e empresas contra contratos de empresa ditados pelos empregadores

2) Devemos criar em todas as fábricas e bairros um movimento de solidariedade

3) Hoje temos a responsabilidade de lutar para que os sindicatos adquiram um caráter de massa.

Conclamamos a um acordo sobre uma questão crucial para o futuro do movimento e da luta:

Fortalecimento do PAME por toda a parte:

• Temos que mudar a correlação de forças

• Tem que ser algo que diga respeito a todos nós

• Temos que livrar o movimento sindical do veneno do governo e do sindicalismo a serviço dos patrões”

Em outro ponto do discurso Giorgios Perros afirmou que:

“É uma mentira que o corte drástico dos salários já inaceitáveis, o esmagamento dos nossos direitos trabalhistas sejam executados com o objetivo de evitar as demissões e enfrentar o desemprego. A verdade é que sob este regime de trabalho sem direitos e salários de fome serão realizadas demissões e o desemprego aumentará. O desemprego tem a sua raiz e deve o seu aumento à crise capitalista, à concorrência capitalista e ao fortalecimento dos monopólios. Ninguém deve esperar um salvador de parte alguma.

A mensagem de desobediência e rebeldia não se restringe ao nosso país. Chegou à Europa. Ajudou e contribuiu para a organização de lutas, para o contra-ataque contra as políticas antipovo. Contribui para que novas forças possam ser libertadas das garras do governo e do sindicalismo a serviço dos patrões, dos partidos da plutocracia e da rua de mão única da UE.

Torna-se cada vez mais claro que é um conflito entre dois mundos, duas estratégias. De um lado o mundo dos monopólios, com todos os seus apoios, e do outro, o mundo do trabalho, com os seus sindicatos, o movimento classista, com solidariedade, com o espírito de auto-sacrifício que a luta de classes exige.

Não tenhamos ilusões. Naturalmente a política antipovo não foi derrubada. Temos uma grande vantagem que é bastante significativa e devemos utilizá-la. Está se formando uma corrente de forças que tem um melhor entendimento - do que em qualquer outra época - do tipo de movimento que é necessário. E que um movimento com as características que almejamos não se desenvolve sem obstáculos. Um entendimento melhor da necessidade de um confronto em grande escala com os patrões e o sindicalismo pró-governamental e uma mudança na correlação de forças, assim como a necessidade de acabar com os partidos da plutocracia, e todos aqueles que pretendem embelezar as políticas da UE...

Não deve haver ilusões de que uma greve seja suficiente para responder à degradação da vida da classe. A luta é difícil e exige muitos esforços, sacrifícios, paciência, boa preparação, planejamento, controle, ação e trabalho de propaganda. Precisamos de forças bem preparadas e determinadas para provocar mudanças na correlação de forças.

Nenhum compromisso nem recuo diante das dificuldades, que devem ser enfrentadas através da ação.

Não é suficiente condenar as políticas antipovo. Os resultados das mobilizações e greves não podem ser avaliados em um dia. As greves e manifestações continuarão depois da legislação ser aprovada. Devem ser uma etapa de preparação para a classe operária, os trabalhadores autônomos, os camponeses pobres, por um contra-ataque geral.

Existem hoje as pré-condições objetivas para outra forma de organização da sociedade cuja característica básica será a decisão dos setores operários e populares para transformar a propriedade dos monopólios em propriedade social, popular. Energia, telecomunicações, transportes, riqueza mineral, indústrias manufatureiras, a terra e outras ferramentas do desenvolvimento devem tornar-se propriedade do povo.

Estas devem ser desenvolvidas de um modo científico, através do planejamento central, levando em conta as necessidades oas vários setores e regiões. Neste caminho de desenvolvimento o controle social dos trabalhadores será garantido e o nosso país deixará a União Europeia (EU) e a OTAN. Só então o povo viverá bem.

Não podemos dar um passo atrás. Não temos medo da plutocracia. Confiamos nos trabalhadores e estamos certos de que marcharão em frente a passos firmes, fortalecerão o movimento com orientação de classe e irão libertar-se dos parasitas da plutocracia, dos seus representantes políticos e sindicais.

Mudanças radicais estão na ordem do dia. O poder nas mãos do povo e a organização da economia tendo como critério a satisfação das necessidades do povo. A violência dos monopólios deve e pode ser derrotada.”

16 de dezembro de 2010

Tradução de N.M.T

O original encontra-se em www.kke.gr/

Esta página encontra-se em www.cecac.org.br

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS