Perseguidos por lutarem contra a aids

Kiev, Ucrânia, 5/8/2010 – Médicos da Ucrânia, que receitam medicamentos para viciados em drogas, ferramenta fundamental na luta contra a aids, são vítimas de perseguição, denunciam ativistas. Nos últimos meses, dois médicos foram presos, houve blitz em vários centros de atenção destinados a viciados, e foram detidos em massa pacientes que recebiam tratamentos de substituição, acrescentam. Os ativistas também disseram que os anunciados planos de fechar o principal centro de tratamento para vítimas do HIV/aids, este mês, é um sinal de que os novos líderes da Ucrânia se afastam das estratégias positivas de seus antecessores no combate a essa doença. Este é um dos países mais afetados pelo vírus HIV, causador da aids.
“Os sinais nos últimos meses não são bons. As coisas estão cada vez pior com o enfoque dos líderes ucranianos sobre o combate à aids”, disse à IPS o administrador de programa da Aliança Internacional contra o HIV/aids na Ucrânia, Pablo Skala. Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Onusida, Europa oriental e Ásia central são as regiões onde cresce mais rápido a epidemia do vírus HIV, com aumento de 66% das infecções entre 2001 e 2008. Rússia e Ucrânia estão entre as nações mais afetadas. A epidemia é alimentada pelo uso de drogas intravenosas, que aumentou nos últimos 20 anos desde o fim do comunismo.
Estima-se que são mais de 300 mil consumidores de drogas injetáveis na Ucrânia, sendo que nas grandes cidades, pelo menos um quarto deles estaria infectado pelo HIV. O país possui uma das mais altas taxas de HIV na Europa, com estimadas 360 mil pessoas maiores de 15 anos infectadas, e com prevalência de 1,1% entre a população adulta, segundo cifras do ano passado. Em comparação, a Grã-Bretanha tem prevalência de 0,2%.
A Ucrânia foi elogiada por grupos internacionais de saúde após adotar programas de substituição de medicamentos em 2004 para combater o uso de drogas intravenosas, uma das principais fontes de contágio. Atualmente, há mais de cinco mil usuários dessas drogas registrados nesses programas, que espera atrair pelo menos 20 mil pacientes até 2014. Especialistas em saúde internacional concordam que as terapias de substituição, pela qual viciados recebem receitas legais de medicamentos à base de ópio, como a metadona e a buprenorfina, para ajudá-los a controlar o vício, demonstraram sucesso para deter a propagação do vírus.
Graças a essas terapias, os viciados tendem a abandonar as drogas intravenosas ou reduzir seu uso, diminuindo, assim, a possibilidade de contágio. O diretor-executivo da Associação Internacional de Redução de Danos, Gerry Stimson, disse à IPS que o caso estava bem ilustrado na vizinha da Ucrânia, a Rússia. A terapia de substituição está proibida nesse país, cujas autoridades rechaçam a opinião dos especialistas internacionais sobre o tratamento e o condenam porque simplesmente consideram que é dar drogas para os viciados consumirem.
“A taxa de casos de aids relacionados com as drogas injetáveis na Rússia é de 65%. A taxa de todos os consumidores de drogas intravenosas infectados com HIV fica entre 30% e 35%. Na Grã-Bretanha, ao contrário, a prevalência da doença entre os viciados em drogas injetáveis é de 1,5%”, afirmou Gerry. “A diferença se deve ao fato de ter começado cedo a distribuição de metadona e a troca de agulhas. A metadona é o tratamento padrão oferecido em todo o mundo, e numerosos estudos internacionais demonstram sua efetividade”, acrescentou.
Porém, grupos que lutam contra o HIV/aids alertam que os programas de substituição de drogas agora estão sob ameaça na Ucrânia, devido a “sistemáticas” detenções de médicos e pacientes. Ilya Podolyan, médico que faz terapia de substituição em Odessa, foi preso em maio e será julgado por “traficar drogas”. Outro médico, Yarsolav Olendr, está em prisão domiciliar na cidade de Ternopol acusado de violar as leis sobre narcóticos. Organizações não governamentais locais denunciam detenções em massa de pacientes em centros de tratamento, prisões de trabalhadores da saúde e pressões da polícia para que os médicos revelem informação confidencial de pacientes.
A Aliança Internacional contra o HIV/aids na Ucrânia também documentou dezenas de casos de violações dos direitos humanos de pacientes e trabalhadores da saúde, incluindo revistas em instalações médicas, apreensão ilegal de listas de viciados, invasões e colocação de obstáculos ao fornecimento de medicamentos. Grupos da sociedade civil pediram às autoridades que garantam os direitos dos pacientes. “Há uma interferência das agências da ordem na aplicação de programas médicos nas terapias de substituição. Pode ser visto um enfoque sistemático, em particular a detenção de médicos e pacientes”, disse à imprensa ucraniana o diretor da Aliança, Andriy Klepikov.
Pablo disse à IPS que policiais corruptos agem em nome de senhores da droga locais para deter os programas. “Nossas fontes dizem que os traficantes locais aparentemente estão descontentes com as terapias de substituição porque perdem clientes. E, com os altos níveis de corrupção que há na polícia, não seria difícil policiais agirem em nome deles para ações contra esses médicos”, afirmou. Envolverde/IPS
(IPS/Envolverde)
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