O QUE O PT ESPERA PARA REAGIR À FASCISTIZAÇÃO EM SP?

Imprimir

Antecipando-se à solução negociada que estava bem encaminhada e possibilitaria um desfecho pacífico, o Governo Alckmin novamente deu demonstração estúpida de força, desta vez contra os coitadezas escorraçados da Ocupação Pinheirinho.
Não levou em conta, sequer, a existência de dúvida sobre a decisão que prevaleceria no caso, a da Justiça paulista ou a do Tribunal Federal de Recursos, como se esperar um mísero dia fosse impossível. O aval a posteriori não deve fazer esquecer quão suspeita foi a pressa em criarem um fato consumado.

Tudo que havia a ser dito sobre a fascistização em curso no estado de São Paulo, balão de ensaio e ponta de lança do golpismo em escala nacional, eu já disse no recente artigo Terrorismo na USP: tentaram mandar o Sintusp pelos ares.
O novo episódio vem exatamente na esteira dos anteriores, intensificando a escalada de agressões aos movimentos organizados e aos sacos de pancada de sempre, os excluídos.
Só me resta renovar o alerta aos petistas: seu partido, como bem notou o colunista Melchiades Filho (vide aqui), está acomodatício e condescendente diante da sucessão de descalabros autoritários da dupla Alckmin-Kassab. Age segundo as conveniências da política menor, sem perceber que está em jogo algo muito maior e extremamente preocupante.
Os versos de Brecht caem como uma luva nesta situação:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro


Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com