DILMA É INCISIVA: NÃO COMPACTUARÁ COM AS PRÁTICAS MEDIEVAIS DO IRÃ

Imprimir

De tudo que se delineia sobre o Governo Dilma Rousseff, o mais alvissareiro é a perspectiva de que a política externa brasileira volte a se reger pela priorização dos direitos humanos que está inscrita em nossa Constituição.

Assim, em entrevista ao Washington Post, ela condenou enfaticamente a abstenção brasileira quando, duas semanas atrás, foi votada e aprovada na ONU uma resolução contra as torturas, penas de morte, violência contra mulheres e perseguição a minorias étnicas e religiosas por parte do estado teocrático iraniano.

Nossa diplomacia vinha defendendo a posição de que é mais fácil demover-se países como o Irã, Sri Lanka, Mianmar e Sudão de suas práticas brutais por meio de gestões discretas do que com execração e pressões ostensivas.

Faltou, entretanto, Mahamoud Ahmadinejad colaborar com Lula, quando este se prontificou a receber Sakineh Ashanti no Brasil; se ele, sensatamente, atendesse tal pedido, nosso presidente teria um resultado concreto para mostrar.

Ao morder a mão que o alimentava (o Brasil vem sendo um dos principais obstáculos à adoção de uma solução de força contra o programa nuclear iraniano), o premiê Ahmadinejad debilitou o posicionamento de Lula aos olhos do mundo, deixando-o totalmente à mercê das críticas estadunidenses. Quem tem um aliado desses, não precisa de inimigos...

Se faltava a pá de cal nessa postura equivocada, Dilma a providenciou:

'Não sou a presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento' [a que está condenada Sakineh, por mero adultério, tendo a péssima repercussão da sentença levado os aiatolás sinistros a tentarem tapar o sol com a peneira, acrescentando nova acusação, uma pretensa cumplicidade no assassinato do marido, que a ninguém convenceu].

'Eu não concordo com práticas que tenham características medievais [no que diz respeito] às mulheres. Não há nuances. Não farei nenhuma concessão nesse assunto'.

'Minha posição não mudará quando eu assumir o cargo. Não concordo com a forma como o Brasil votou [abstendo-se]. Não é a minha posição'.

* Jornalista e escritor. http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com