MEU ANIVERSÁRIO

Depois de algum tempo, passei a analisar diversos sentimentos que tenho em relação a datas importantes em minha vida, e notei que muitas delas com o passar do tempo mudaram completamente de contexto.
Recordo-me perfeitamente quando completei 15 anos, a ansiedade da espera daquele dia me punha louca, me lembro com riqueza de detalhes todos os momentos que vivenciei naquela época tão distante, os amigos que chegariam os presentes, o garoto da escola que eu acreditava tanto amar.
Passado pouco tempo, me senti ansiosa pelos meus 18 anos, carteira de motorista, maioridade, nossa quanta coisa de gente grande, quanta liberdade.
Porém aos 18 anos eu já era mãe de dois filhos, quer dizer, liberdade zero.
Assim segui em minha vida festejando aniversários que não gostaria de ter feito, porque queria novamente voltar aos meus 15 anos e começar direito aquele trajeto que começou de uma maneira tão precoce.
Na ansiedade de me libertar do autoritarismo de meus pais, acabei invadindo meu destino e fazendo com que minha adolescência se tornasse um completo pesadelo.
Foi preciso muito tempo, muito amor e dedicação para que eu pudesse compreender que eu tinha agora uma vida nova.
Segui nela o mais feliz que pude sempre infantil, tanto quanto os quatro filhos que aos 21 anos eu já tinha. Aceitei com resistência a doença que três deles tiveram, amadureci a duras penas, enfrentando problemas que muita gente grande não teria conseguido.
E os anos foram passando, e em nenhum deles a não ser nos meus 15 anos, quis comemorar nada, era como se o tempo tivesse parado em minha vida, e um dia eu poderia voltar, e subir direito os degraus daquela escada, que resolvi pular naquela época.
Não pude, a vida foi rápida demais, e quando percebi já tinha 30 anos.
Maravilha, nunca me senti tão bem, era uma mulher jovem, bonita, e madura demais para a idade, tinha assunto, argumento, experiência, mas ainda não conseguia apagar as velinhas, ainda não conseguia comemorar os anos que haviam passado naquela velocidade alucinante.
E como um rio que não para de correr, a vida foi fluindo, os filhos cresceram, os casamentos acabaram, os amores se foram, as ilusões ficaram apenas nos sonhos, mas em compensação a maturidade chegou plena, e aos 40 anos trouxe completamente a consciência do artista que vivia em mim, trouxe energia e determinação, vontade de realizar velhos projetos, e buscar o que perdi, trouxe a serenidade que somente a maturidade traz.
Hoje me vejo retratada em cada pincelada que dou nas telas que idealizo, como se fosse o sopro que não dei nas velas em todos estes anos que chegaram até mim sem avisar que viriam tão depressa.
Na mesma ansiedade que tive aos 15 anos, conto os minutos para que chegue o dia 16 de agosto, para que meus netos assoprem as velas do bolo, que eu nunca pude apagar.
Olhando os pequenos, na euforia do “parabéns a você”, volto à infância que deixei pela metade, pelo simples fato de achar que as pessoas que mais me amavam, eram repressores demais. Hoje, digo a estes meninos lindos que estão começando a vida, que o maior presente que eles podem ganhar na vida, é um simples NÃO.


15 de agosto de 2007 

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