SEXTA FEIRA 13

Sexta feira dia 13 de julho de 2007, sem ser supersticiosa, sempre achei esta data meio nebulosa.

Apresso-me em limpar os pincéis, pois já são quase 17:00h e não quero perder a abertura dos jogos pan-americanos, expectativa por uma bela apresentação já que fomos surpreendidos com uma organização impecável. Impressiona-me o esquema de segurança montado para garantir que o mundo assista aos jogos sem nenhuma surpresa desagradável. Sinto certo orgulho de ser brasileira, e percebo que com boa vontade existem soluções para os problemas de segurança naquela cidade. 

Absorta nestes pensamentos e sentada à frente da TV, assisto extasiada a tanto glamour e beleza.

Em meio a toda aquela magia da bela música da orquestra sinfônica, paro por um instante para que meus ouvidos possam perceber o que se passa do lado de fora de minha casa.  De repente, ouço o som do meu carro sendo ligado e levado embora,  sendo furtado. Corro até a janela e ainda com a melodia do novo hino composto pela orquestra, chego a tempo de ver meu carrinho desaparecendo, meu espanto se mescla com os aplausos de milhares de brasileiros que se deliciam com as maravilhas daquele momento da festa.

Continuo parada diante da visão da calçada deserta, meu carro não está mais lá, custo  acreditar no que acaba de acontecer. Volto os olhos para a televisão e vejo toda aquela gente, brasileiros como eu, protegidos naquele momento dos marginais que lá praticam seus delitos normalmente.

Meu entusiasmo aos poucos vai diminuindo, e sinto um soluço abafado que chega à mesma proporção que aumentam os sons dos aplausos de todos aqueles brasileiros, todas aquelas pessoas que como eu estavam perplexos com tanta beleza e magia.

Telefono para a polícia, que certamente estava com seu contingente à frente de uma TV, visto que ninguém veio em meu socorro.

Desanimada chamo um carro de praça e vou à delegacia prestar queixa, e como tantos brasileiros o fazem, vou reclamar meus direitos de cidadã.

Saio de lá pior do que entrei, chocada com o descaso e a falta de atenção para com o meu problema, afinal, no corredor da delegacia uma TV mostra a festa mais segura que o Brasil já pôde assistir. De repente viro apenas mais um número dentro da estatística de furtos praticados neste país.

Volto para casa, e chego a tempo de ver os últimos fogos iluminar os céus da cidade maravilhosa, mas aquele orgulho que eu senti há poucas horas, aos poucos se transforma em vergonha.

Sinto-me triste e impotente diante de tal episódio. Triste porque minha alegria de ver tamanho espetáculo acontecendo no meu país foi-se embora e impotente porque dependemos da boa vontade de seres humanos para que haja justiça e respeito pelos cidadãos. Parece até uma contradição, há pouco mais de uma hora atrás, me vi diante de uma outra platéia, de brasileiros iguais aqueles que contagiados pela beleza do momento como eu, esqueceram-se do que se encontra por traz dos muros do majestoso estádio do Maracanã.

E VIVA O PAN.

13/07/2007

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