Laerte Braga em foco

Um dos aspectos do processo de extradição - negada - de Henrique Pizzolatto para o Brasil é de extrema importância. A justiça italiana recebeu todo o processo do chamado "mensalão", analisou cada elemento e não encontrou provas de desvio de dinheiro público. A farsa montada por Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes cai por terra e fica visível o caráter pusilânime de ministros como Rosa Weber que, cinicamente, em seu voto, declarou "não tenho provas para condenar José Dirceu, mas a literatura jurídica me permite condená-lo". Pizzolatto, numa entrevista logo após ser solto declarou que a justiça italiana é diferente. Se tem provas condena, se não tem solta. Foi solto e criticou, em entrevista, a mídia brasileira, a justiça que condena por pressão da mídia e a arrogância dos que montaram essa cilada tentando abater o governo e lideranças do partido do governo e da base aliada como chamam. É claro, referindo-se a figura repugnante de Joaquim Barbosa. É um momento de buscar a revisão dessa página sombria de nossa história atual, até porque, hoje, José Dirceu foi autorizado a cumprir sua pena em casa e poucos homens públicos no País têm o seu caráter, a sua história e a sua determinação. A justiça italiana pôs por terra a barbárie jurídica do STF e a prepotência da mídia e seu vassalo, ex quase ministro da Justiça no Brasil num eventual desgoverno Aécio.


Elizabete Carvalho Nascimento, presidente do TRE de Alagoas, num desabafo, lamenta a reeleição da presidente Dilma Roussef. É da banda podre do Judiciário e que leva o poder ao fundo do poço. Tem até o direito de pensar assim, mas por sua função, não o de externar esse pensamento. Torna-se suspeita em feitos que envolvam qualquer figura no estado ligada ao governo federal. Usou a expressão desgoverno. Isso é o fim da picada.


Há uma notícia circulando em Minas que Aécio quando soube que Dilma o ultrapassou, além de uma crise de choro, entre outras coisas declarou "até me casei, me preparei para ganhar".


O mau caratismo explícito da direita no Brasil e na América Latina como um todo não tem limites. A direita não perde nada, pelo contrário ganha, com um processo de desestabilização política e é isso que algumas de suas lideranças estão pregando. Democracia para essa gente funciona desde que a favor deles. O governo Dilma vai precisar enfrentar esse ódio, até essa racionalidade que estimula o ódio, do contrário poderá se ver presa dos que perderam a eleição. São contumazes golpistas. Isso só será possível com participação popular ampla, com o resgate da história do PT, até para que a esquerda como um todo possa se somar a essa luta. A campanha e a vitória foram além do PT, foram consciência de forças progressistas e de esquerda que perceberam o que se avizinhava, na hipótese de Aécio vencer. Não há um dono nessa vitória, há a consciência que tomou conta da maioria das pessoas que Dilma era e é a alternativa para avançarmos e nos libertamos de tantos grilhões que ainda nos aprisionam, principalmente a mídia podre, que veicula o ódio e o estimula nas mentiras e distorções de cada dia.


É preciso que se faça justiça. O presidente do TSE, ministro Dias Tófoli, tomou todas as providências para o resultado não vazar antes do fechamento das urnas no Acre. Mas vazou. Antônio Anastasia, por volta das 19 horas, comentou com Aécio que eles haviam ganho a eleição. Recebera mensagem de um celular de uma das pessoas que estava no local da totalização. Há necessidade de um inquérito administrativo. Com certeza. Dilma passou Aécio cerca de meia hora depois, quando entraram os votos do Nordeste e do Norte. Apressado come cru.


Fernanda Fernandes, numa entrevista feita pelo UOL, eleitora de Aécio, gestora de Relações Humanas (incrível, mas diz que é), afirmou que o "o PT tem espírito de pobre". Está entre os que pensam deixar o País. A entrevista foi num bar da alta classe média no Leblon, Rio, point preferido de Aécio Neves. Isso entre chopes e quitutes. Outro culpa garçons e empregados pela eleição de Dilma e diz que "nunca vão atingir o nosso patamar". É o Brasil do PSDB, o partido do ódio. E da entrega.


O que a história vai registrar daqui a cem anos é a vitória de Dilma. Os que forem mais detalhistas vão se debruçar sobre a campanha e perceber que o Brasil optou por ser nação soberana e senhora dos seus destinos. A campanha foi isso, uma elite cheia de ódios e preconceitos e brasileiros que sonham e enxergam que o futuro está chegando e cheio de brilho. É a consolidação dos BRICS, a garantia para países da América Latina contra o monstro terrorista e golpista dos EUA, a preservação de nossas riquezas, as políticas sociais que igualam as oportunidades, abrem perspectivas para os que sempre foram excluídos, a afirmação de um caminho junto a aspirações de boa parte do mundo, a rejeição ao neoliberalismo, a opção por tudo isso vinda de vozes que nunca antes puderam falar. Há desafios e as esquerdas precisam de uma agenda comum para enfrentá-los. A "história não é carroça abandonada à beira da estrada", mas não é um carro que anda a 400 quilômetros por hora. É uma construção dos trabalhadores e das pessoas conscientes. A lição que fica é que enfrentamos adversários capazes de tudo e vai ser preciso formação e organização para enfrentarmos essa gente. Essa conversa de "oposição democrática" é só conversa. Vimos o método VEJA às vésperas das eleições. São todos iguais mesmo que disfarçados da falsa assepsia da GLOBO. Lei dos meios, reforma política, ampla participação popular, educação e saúde, tecnologias próprias e abrir caminhos para recobrar o que FHC e os tucanos entregaram. O PRÉ SAL vai continuar nosso e as perspectivas, a despeito de Míriam Leitão e quejandos, são imensas. O discurso de Dilma foi maturidade de estadista e é por aí que vamos carregar o Brasil, transformar mais ainda o Brasil.


Tudo indica que o secretário geral da ONU vá convocar o Conselho de Segurança para discutir o ofício de Geraldo Alckmin exigindo retratações sobre o parecer do setor próprio que o acusou de não investir em infraestrutura, água principalmente. Mas pagar o lucro dos acionistas, pagou. Sugiro o que Stalin disse quando lhe informaram que fora excomungado pelo papa nazista Pio XII - "quantas divisões tem o papa?"