Igual a tudo na vida

(Arthur e os Minimoys)
Edgar Vianna de Andrade

Com 80 milhões de dólares, Luc Besson produziu seu décimo longa metragem. Desta vez, uma animação com o título de Arthur e os Minimoys ( Arthur et les Minimoys , França, 2006). Baseado em idéia de Céline Garcia e em livros do próprio Besson, o filme tem poucos ou nenhuns traços de cinema francês, o que está se tornando bastante normal na produção cinematográfica britânica, alemã e francesa, principalmente. O estilo norte-americano está invadindo o cinema europeu, que poderia e deveria evoluir, certo, mas conservando as suas características. As escolas francesa, italiana e alemã apresentavam traços inconfundíveis, mas estão enfrentando dificuldades em mantê-los. Na Itália, ainda encontramos diretores produzindo filmes nos moldes dos áureos tempos de Rosselini, De Sicca e Visconti, mas não mais com a mesma grandeza. Fellini e Pasolini são inimitáveis. A Alemanha resiste até certo ponto. Fora estes exemplos, o cinema que vem da Europa Oriental ainda pode ser feito com baixo orçamento ao tratar das relações humanas sem efeitos especiais caros. Mas, o mito do super-homem norte-americano está levando o cinema da Europa Ocidental a competir no mercado com as mesmas armas, ameaçando a sua própria identidade.

Arthur (Freddie Highmore) é um menino de dez anos que vive com a avó (Mia Farrow) porque seus pais (Penny Crawford e Doug Rand) são dois irresponsáveis e ambiciosos que perambulam pelo mundo. O ídolo do menino é seu avô Archibald (Ron Crawford), um aventureiro que andou pela África e que se perdeu no fundo de seu quintal, ao mergulhar no universo dos Minimoys, um povo minúsculo que vive embaixo da terra. A avó conta a Arthur sobre este povo e sobre uma fortuna de rubis que seu avô teria escondido no fundo do quintal, já por demais cavoucado sem sucesso. Só o retorno do avô e a descoberta dos rubis poderá salvar a casa de um especulador imobiliário mau (ou será que todos não seriam maus?). Arthur parte para uma grande aventura num pequeno território: procurar o avô e os rubis no mundo em miniatura dos Minimoys.

Com a ajuda de altos africanos, amigos de seu avô, ele mergulha no subterrâneo e encontra os Minimoys, minúsculos elfos que vivem em sociedade governada por uma monarquia. Sempre a nostalgia dos reinos e dos contos de fada. Claro que existe um rei sábio pai de uma linda princesa. Não como as princesas assexuadas e dependentes dos príncipes de outrora. Selenia é uma jovem de quase mil anos, na contagem deles, de corpinho enxuto, com curvas de seios, cintura, ancas e nádegas bem nítidas. Ela exala sensualidade e determinação. Numa passagem, ela segura sua blusa para que não caia, insinuando que não usa sutiã. Ela tenta arrancar a espada da pedra, mas não consegue porque ela estava reservada a Arthur, clara alusão à história do rei Arthur. Ela, o irmão e Arthur saem em missão para salvar o reino de uma inundação iminente, a ser provocada pelo arquivilão Maltazard, o gênio do mau. Arthur tem uma missão especial, ao lado desta, que é encontrar seu avô e os rubis.

Claro que acontece um romance, com promessas de casamento, entre Arthur e Selenia. Claro que o bem vence o mau. Mas, claro também, que nada de novo ou de particular existe no filme. Tomemos apenas um exemplo para não nos delongarmos. Na animação Por Água Abaixo ( Flushed Away , EUA/Inglaterra, 2006), de David Bowers e Sam Fell, a história se passa em dois planos horizontais: o da superfície e o do subterrâneo, como faz também Tim Burton em A Noiva Cadáver . O grande bandido, em Por Água Abaixo , é um sapo mafioso que pretende inundar o mundo dos ratos de esgoto. A heroína é a rata Rita, igualmente decidida e com um corpinho muito atraente. O visitante da superfície é o rato Roddy, que se apaixona por Rita, como Selenia, empenhada em proteger sua família e seu povo. O paralelismo é notório.

Além do mais, Besson faz deliberadamente referências a Guerra nas Estrelas e, mais sutilmente, talvez, a Gremlins . Alusões a outros filmes, em cinema dirigido a público infantil, não funcionam. A criança se prende ao primeiro plano, não a planos de fundo. Tal qual Nelson Pereira do Santos, Besson abomina a crítica. Tudo bem. Na maior parte das vezes, os críticos são superficiais e apressados, mas a crítica é necessária para dizer que Arthur e os Minimoys carece de originalidade.

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