Petróleo e Ebola

Imagine uma pessoa que adormeceu em 1930 e acaba de despertar deste longo sono. Ela conhecia os carros de passeio fabricados lá atrás e então veio a familiarizar-se com os fabricados na atualidade.

Muita coisa mudou, é verdade, especialmente na chamada “tecnologia embarcada”. Os atuais proprietários abrem os vidros das janelas com suaves toques em botões embutidos no lado interno das portas. Os antigos proprietários tinham que girar manivelas antiergonômicas nem sempre aptas para o serviço. Este é um simples exemplo de uma pletora de outros itens similares.

Adicionalmente, os pneus, a suspensão, a direção e a estrutura do veículo tornaram-se bastante mais seguros, sem sombra de dúvida. Há, todavia, um problema. O rendimento dos motores a explosão ou de combustão interna continua sendo algo lamentável. Mesmo nos veículos mais luxuosos e caros fabricados na atualidade este rendimento não ultrapassa 25 ou 26%.

Se levarmos em conta outros fatores como, por exemplo, a carga útil que cada um desses veículos transporta ou a velocidade média desses veículos nas grandes cidades, chegaremos à conclusão que este rendimento é algo desprezível, chegando mesmo às raias da falta de inteligência de quem os utiliza.

O que explica tamanha hostilidade à inteligência e à boa engenharia? Não pode haver explicação para tamanho absurdo. Uma máquina que desperdiça 75% da energia que lhe é fornecida não pode permanecer neste patamar por tanto tempo.. Mas os automóveis chegaram.

Qualquer empresa orientada pela mínima ética evitaria fazer propaganda visando convencer pessoas a compraram produtos com essas características. Governos de países sérios não permitiriam que se fabricasse em seu território veículos como esses, a menos que se investigasse e divulgasse as razões para tamanho descompasso tecnológico.

Permito-me sugerir um caminho: esses veículos com motores de tão baixa eficiência consomem derivados de petróleo, a saber: gasolina e GLP os carros de passeio; querosene de aviação os aviões de empresas comerciais e óleo diesel os veículos mais pesados (ônibus, caminhões, veículos militares e máquinas de movimentação de terra e carga).

Por outro lado, são fornecedoras desses derivados grandes corporações multinacionais. Interessa a essas corporações que motores de baixa eficiência equipem os veículos, já que esta característica favorece seus negócios em âmbito global. O círculo vicioso se fecha com a maior demanda de petróleo pelo crescimento da produção de veículos por megacorporações também de alcance global.

Vem-me à mente, então, a questão: o petróleo é estratégico? Não é. A importância do petróleo foi artificialmente criada, de forma a beneficiar corporações multinacionais situadas dos dois lados do negócio, aí incluída atualmente a Petrobrás. A queima de derivados de petróleo, além de acionar máquinas de baixa eficiência, tem também expressiva participação na agressão ao ar que respiramos e à vida em nosso planeta.

​70% do petróleo que o mundo atual consome destina-se ao transporte de pessoas e cargas. Não há uma regra que determine a qualidade desse transporte. Quanto dele é de fato necessário? Há opções? Ter um veículo a gasolina de uso individual é realmente necessário? Quanto de propaganda deve ser aceita? Se a situação é esta, precisamos todos ser​ incentivados a reduzir nossa contribuição para este quadro autocêntrico e de baixa inteligência.

Nossa civilização já teve tempo de sobra para desenvolver outras fontes de energia mais seguras, limpas e eficientes. Ainda estão na agenda dos povos a energia solar, a eólica, a das marés, a geotérmica e a da fusão atômica (esta nada tem a ver energia nuclear atualmente já em uso no mundo inteiro e resultante da fissão nuclear).

Cabe aqui um paralelo: os países centrais só vão se ocupar para valer com o abandono do petróleo ou para seu uso ​ apenas​ lateral​, em menor escala, quando sentirem de fato alguma ameaça maior no seu quintal. Assim foi também com o vírus do Ebola: os países centrais só passaram a desenvolver tratamento e vacina para a doença quando a ameaça chegou aos seus aeroportos.

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