| Phillipe Moacyr |
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| Denúncia do ex-delegado Cláudio Guerra destaca a queima de corpos na Usina de Cambaiba em Campos |
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| Cláudio Guerra escreveu sua história em livro |
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O Ministério Público Federal (MPF) em Campos tentou ontem colocar, cara a cara, duas pessoas envolvidas em episódios durante a ditadura, quando a Usina Cambaíba, supostamente, era usada para incinerar corpos de possíveis vítimas do regime militar. No entanto, a acareação marcada para às 14h, entre o ex-delegado da Polícia Civil, Cláudio Guerra, e o ex-funcionário da usina, Erval Gomes da Silva, não aconteceu. A apuração dos fatos foi mais uma vez prejudicada, já que Erval compareceu à sede do MPF - na Avenida José Alves de Azevedo (Beira Valão), Centro -, acompanhado de advogado e se reservou ao direito de não ser confrontado. A técnica jurídica serviria para apurar a verdade nas declarações do ex-delegado do Departamento de Ordem e Política Social (Dops) e o ex-funcionário da extinta usina, o Vavá.
De acordo com o MPF, as investigações a respeito desse caso continuam. O intuito é apurar fatos relativos a eventual violação de direitos humanos e incineração de corpos. A acareação irá instruir o procedimento investigatório criminal, instaurado para apurar os fatos relativos a eventual violação de direitos humanos. Em agosto deste aos, o MPF realizou a reconstituição do episódio de incineração de corpo na usina. Para a reconstituição dos fatos foram usados manequins. Na ocasião, Guerra indicou como os corpos eram trazidos e jogados no forno da então usina. "Cláudio Guerra, apesar de colaborar, é um assino frio e confesso. Foi braço do Regime Militar e merece pagar à Justiça pelas atrocidades. A reconstituição mostrou que a queima era possível. Vamos prosseguir nas investigações", disse o procurador da República, Eduardo Santos Oliveira. As investigações sobre o caso foram abertas em 2012. Na época foi instaurado procedimento investigatório criminal para apurar as declarações do ex-delegado no livro "Memórias de uma guerra suja".
Mais de 100 pessoas já foram ouvidas
Antes de participar da reconstituição, Cláudio Guerra prestou depoimento na sede do MPF. Além dele, também participou da oitiva o Vavá. Na época, o procurador informou sobre contradições nos depoimentos. "Vavá nega que tenha participado de qualquer tipo de queima de corpos na usina nas décadas de 70 e 80. No entanto, Cláudio Guerra disse o contrário, demonstrando até que tem amizade com a família de Vavá", disse Eduardo, informando que a reconstituição serviu para Cláudio Guerra mostrar a dinâmica da suposta incineração de corpos em Cambaíba.
Em entrevista a O Diário, Eduardo revelou que mais de 10 pessoas foram ouvidas nas investigações. "Esta investigação não tem por objetivo ferir a imagem de quem quer que seja. É importante entender que o Brasil já foi condenado pela ONU (Organização das Nações Unidas) por crimes contra a humanidade e este trabalho é oriundo de uma determinação da ONU para que o país dê uma resposta aos familiares. A nossa finalidade é estabelecer a verdade. Temos boas expectativas de ainda este ano darmos uma resposta para cessar a angústia de todas as pessoas envolvidas e que criam expectativas sobre o caso", revelou.
