Gaza: “Eles também são nossos filhos”

Uma declaração assinada por 56 ganhadores do Right Livelihood Award, conhecido como Prêmio Nobel Alternativo, de 35 países, condena a matança de civis, muitos deles, crianças. Três desses ganhadores do Prêmio vivem e trabalham na zona de conflito. 

Como ganhadores do Right Livelihood Award, popularmente conhecido como ‘Prêmio Nobel Alternativo’, nós condenamos energicamente a matança de centenas de crianças e civis inocentes, executada em Gaza pelo exército israelense, além do indiscriminado lançamento de mísseis por parte do Hamas sobre civis de Israel, ao mesmo tempo em que lamentamos o contínuo sofrimento dos habitantes de Gaza. 

Gaza enfrenta o desabastecimento de água e eletricidade, de hospitais, médicos e médicas, ao mesmo tempo que bombas e balas matam e ferem a sociedade civil, assim como aos trabalhadores da saúde, em uma espiral de violência e desesperança. Aproximadamente 24% de todos que perderam suas vidas em gaza, como resultado dos bombardeios de Israel e seus militares, são crianças. 

Contudo, a responsabilidade por essas mortes não é somente um produto conjunto e múltiplo dos soldados de Israel, dos lutadores do Hamas e de seus governos. Outros governos também são responsáveis, tanto direto como indiretamente, através da transferência de armas, assessoria militar e de seu silêncio.   

Estes países e as Nações Unidas parecem não ter aprendido com o passado. Tanto que quanto mais cresce a violência em Gaza, mais as negociações de paz se movem a um ritmo incrivelmente lento, dificultadas por interesses particulares de países que não sofrem derramamento de sangue por este conflito. O diálogo e as negociações não podem ser  substituídas pelo uso da força militar. A vingança só produz vingança, e o derramamento de sangue só produz mais derramamento de sangue.

Não podemos esquecer as recentes imagens de cadernos de escola destroçados nas ruas de Gaza e as vidas destroçadas das crianças que os usavam. Seus corpos sem vida esparramados em volta de seus caderno, que nunca voltarão a ser usados novamente, descrevem a trágica pintura de uma crueldade sem limite. Ninguém tem o direito de acabar com essas vidas e, tampouco, ameaçar a vida daquelas crianças que seguem sobrevivendo. Eles também são nossos filhos.

Neste contexto, nós apoiamos com força o extraordinário trabalho, a determinação e a perseverança – em meio a explosão das bombas – do nosso colega Raji Sourani (RLA 2013, Palestina) e seus colegas do Centro Palestino de Direitos Humanos em Gaza, que estão denunciando a matança de civis inocentes e a continuidade de uma guerra suja não declarada, que vai contra os princípios da legislação humanitária internacional. Nós também queremos expressar  nossa profunda admiração pelo trabalho de organizações de paz de Israel, como Gush Shalom (RLA 2001) e o incrível trabalho de toda a equipe médica que atua atualmente em Gaza, com representantes de nossos amigos do Médicos para os Direitos Humanos (RLA 2010), que seguem  carregando os princípios de humanidade acima de tudo, apesar de expostos às desumanas máquinas de guerra.

Como ganhadores do Right Livelihood Award, nós instamos as Nações Unidas, a União Europeia e as organizações regionais como a Liga Árabe e a Organização dos Estados Americanos (OEA), além de países de todo o mundo, a unir suas vozes, condenando estas inaceitáveis violações de direitos humanos, e requerendo um imediato cessar fogo, a suspenção do bloqueio a Gaza, bem como novas negociações de paz. E, da mesma forma, que parem com todas as ações que perpetuam esse conflito, que dificultam uma resolução pacífica e que parem de prover com armas as partes em conflito. Se nós não atuarmos com urgência, mais crianças e pessoas inocentes vão ser assassinadas nos próximos dias, nas próximas horas, nos próximos minutos, nos próximos segundos.

Assinam: 

• Dr. Ibrahim Abouleish, Fundador de SEKEM, Egipto (RLA 2003)
• Swami Agnivesh, India (RLA 2004)
• Dr. Martin Almada, Paraguay (RLA 2002)
• Uri Avnery, Fundador de Gush Shalom, Israel (RLA 2001)
• Dipal Barua, Ex director de Grameen Shakti, actualmente en Bright Green Energy Foundation, Bangladesh (RLA 2007)
• Nnimmo Bassey, Health of Mother Earth Foundation, Nigeria (RLA 2010)
• Walden Bello, Filipinas (RLA 2003)
• Andras Biro, Hungría (RLA 2005)
• Leonardo Boff, Brasil (RLA 2001)
• Carmel Budiardjo, TAPOL, Reino Unido (RLA 1995)
• Dr. Zafrullah Chowdhury, Gonoshasthaya Kendra, Bangladesh (RLA 1992)
• Citizens’ Coalition for Economic Justice, Corea del Sur (RLA 2003)
• Dr. Tony Clarke, Director Ejecutivo de Polaris Institute, Canadá (RLA 2005)
• Comissão Pastoral da Terra (CPT), Brasil (RLA 1991)
• Prof. Dr. Anwar Fazal, Director del Right Livelihood College, Malasia (RLA 1982)
• Prof. Dr. Johan Galtung, Noruega (RLA 1987)
• Dr. Juan E. Garcés, España (RLA 1999)
• Ina May Gaskin, Estados Unidos (RLA 2011)
• Dr. Inge Genefke, Dinamarca (RLA 1988)
• Gush Shalom, Israel (RLA 2001)
• Asha Hagi, Somalia (RLA 2008)
• Dr. Monika Hauser, Fundadora de Medica Mondiale, Alemania (RLA 2008)
• Dr. Hans Herren, Fundador de Biovision Foundation, Suiza (RLA 2013)
• Dr. SM Mohamed Idris, Sahabat Alam Malaysia (RLA 1988), Consumers Association of Penang and the Third World Network, Malasia
• Obispo Erwin Kräutler, Brasil (RLA 2010)
• Dr. Katarina Kruhonja, Center for Peace, Nonviolence and Human Rights-Osijek, Croacia (RLA 1998)
• Ida Kuklina, The Committee of Soldiers' Mothers of Russia, Rusia (RLA 1996)
• Felicia Langer, Israel/Alemania (RLA 1990)
• Birsel Lemke, Turquía (RLA 2000)
• Helen Mack Chang, Fundación Myrna Mack, Guatemala (RLA 1992)
• Dr. Ruchama Marton, Fundador y Presidente de Physicians for Human Rights, Israel (RLA 2010)
• Prof Dr. h.c. (mult.) Manfred Max-Neef, Director del Instituto de Economía de la Universidad Austral de Chile, Chile (RLA 1983)
• Prof. Dr. Raúl A. Montenegro, Presidente de la Fundación para la defensa del ambiente, Argentina (RLA 2004)
• Frances Moore Lappé, Cofundadora de Small Planet Institute, Estados Unidos (RLA 1987)
• Jacqueline Moudeina, Chad (RLA 2011)
• Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Brasil (RLA 1991)
• René Ngongo Mateso, República Democrática del Congo (RLA 2009)
• Helena Norberg-Hodge, Fundadora y Directora de International Society for Ecology & Culture, United Kingdom (RLA 1986)
• Juan Pablo Orrego, Presidente de Ecosistemas, Chile (RLA 1998)
• Medha Patkar, Narmada Bachao Andolan, India (RLA 1991)
• P K Ravindran, Kerala Sastra Sahitya Parishad, India (RLA 1996)
• Fernando Rendón, Cofundador y Director del Festival Internacional de Poesía de Medellín, Colombia (RLA 2006)
• Dra. Sima Samar, Directora de la Afghanistan Independent Human Rights Commission, Afganistán (RLA 2012)
• Dra. Vandana Shiva, Naydanya, India (RLA 1993)
• Prof. Michael Succow, Fundador de Michael Succow Foundation for Nature Conservation, Alemania, (RLA 1997)
• Suciwati, viuda de Munir, KontraS, Indonesia (RLA 2000)
• Dr. Hanumappa Sudarshan, Karuna Trust & VGKK, India (RLA 1994)
• The Kvinna Till Kvinna Foundation, Suecia (RLA 2002)
• Shrikrishna Upadhyay, Director Ejecutivo, Support Activities for Poor Producers of Nepal, Nepal (RLA 2010)
• Prof. Dr. Theo van Boven, Holanda (RLA 1985)
• Martín von Hildebrand, Fundador y Director de Fundación GAIA Amazonas, Colombia (RLA 1999)
• Dr. Paul F. Walker, Director de Environmental Security and Sustainability, Green Cross International, Estados Unidos (RLA 2013)
• Alyn Ware, Coordinador Global de Parliamentarians for Nuclear Nonproliferation and Disarmament, Nueva Zelanda/Suiza (RLA 2009)
• Chico Whitaker Ferreira, Brasil (RLA 2006)
• Alla Yaroshinskaya, Rusia (RLA 1992)
• Angie Zelter, Trident Ploughshares, Reino Unido (RLA 2001)
 
Contato:

Nayla Azzinnari
Gabinete de Imprensa pela mídia latinoamericana
Fundação Right Livelihood Award
Móvel: +54 9 11 5460 9860
Email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Skype: nayla.az
Twitter: @FundacionRLA

Sobre a Fundação Right Livelihood Award

Fundado em 1980, o Prêmio Right Livelihood é apresentado anualmente no Parlamento da Suécia, e é frequentemente chamado o "Prêmio Nobel Alternativo." O Prêmio foi introduzido "para honrar e apoiar aqueles que oferecem respostas práticas e exemplares aos desafios mais urgentes que enfrentamos hoje". Jakob von Uexküll, um filatelista sueco-alemão profissional, vendeu seu negócio para fornecer o financiamento original. Desde então, doadores individuais têm financiado o prêmio. O Prêmio Right Livelihood tem sido outorgado a 153 Laureados de 64 países.

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