O pântano iraquiano

A breve contraofensiva para reconquistar Tikrit, ao norte da capital, em 1º de julho, dia da sessão inaugural do Parlamento, parece ter fracassado.

Arquivo

Dianto do avanço do grupo jihadista EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), a Arábia Saudita enviou 30 mil soldados para a fronteira com o Iraque, depois de os soldados iraquianos se retirarem da fronteira com esse país e também com a Síria. A emissora Al Arabiya informou que obteve um vídeo em que aparece um oficial dizendo que 2.500 soldados iraquianos se retiraram da fronteira. Bagdá, entretanto, negou a informação. 

No mesmo sentido que a Al Arabiya, a emissora Al Hadath difundiu uma gravação que mostra supostamente soldados iraquianos se afastando de suas posições. “Recebemos ordens de nos retirar da fronteira e deixar as nossas armas lá”, disse um homem em uniforme militar nas imagens. “Não sabemos por quê”, acrescentou, contando que outro oficial não queria se retirar, mas foi obrigado a cumprir ordens. “Houve soldados que morreram de sede e de fome durante a retirada”, segundo a mesma fonte. 

O exército iraquiano dá a impressão de estar se desmembrando depois da retirada de grande parte do norte do país, quando a cidade de Mosul caiu nas mãos do grupo jihadista. A breve contraofensiva para reconquistar Tikrit, ao norte da capital, em 1º de julho – dia da sessão inaugural do Parlamento – parece ter fracassado.

Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, não tem nem água nem luz e foi abandonada por grande parte de seus moradores. O EIIL mantém um firme controle das áreas que conquistou no Iraque e na Síria, e declarou que fazem parte do califado chamado Estado Islâmico. Depois de dois dias de negociações em Mosul, comunicou aos militantes sunitas aliados que ajudaram o EIIL a vencer o exército que devem responder ao califado e entregar suas armas. 

Consequentemente, é menos provável que militantes sunitas e tribais que não fazem parte do EILL rompam com o grupo jihadista ou se oponham a ele, como aconteceu em 2006-2007, quando os Estados Unidos apoiaram o movimento Sahwah, dividindo a insurgência sunita. 

O Iraque também passa por uma crise política, em sua fracassada tentativa de formar um governo após as eleições legislativas de 30 de abril. O primeiro-ministro Muri al Maliki se apresentou diante do eleitorado xiita como o homem de pulso firme, capaz de enfrentar o levante sunita. Desacreditado pela fraqueza que o Exército e diante da perda de controle de grande parte do norte do país e a oeste de Bagdá, Miliki tenta se equilibrar no poder. Mas ele é apoiado pelas profundas divisões que existem entre comunidades xiitas, sunitas e curdas que não foram capazes de eleger seus candidatos. O líder do Parlamento normalmente é um sunita, o presidente, um curdo, e o primeiro-ministro, um xiita, mas os parlamentares dizem que a decisão será revelada em três ou quatro semanas.
 
Depois da eleição de 2010, foram necessários dez dias para compor um novo governo. Isto aconteceu quando Massoud Barzani, presidente da região autônoma do Curdistão, no norte, está impulsionando um referendo sobre sua independência. Os diálogos para formar um governo de unidade continuam dentro da Zona Verde, fortemente custodiada, mas poderiam ser interrompidos se os insurgentes começassem a atacar na capital. 


(*) Do The Independent especial, para o Página/12.
 
Traução: Daniella Cambaúva

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