Visibilidade: entre a competição e a colaboração

A regra mais clara que encontrei sobre avaliação foi durante uma conversa com o físico israelita – pai da Theory of Constraints – Eliyahu Goldratt: Diga como você me mede e eu te direi como vou me comportar. Assim, diante de um critério público e de uma determinada escala valorativa, é possível existir. Simples: se a regra é filosofar em alemão – lembrando a Língua, de Velô – todos filosofarão em alemão para serem em avaliados.

Se o exemplo é banal e de fácil compreensão, existir dentro de um sistema avaliativo requer algumas reflexões. A mais importante, talvez, seja que criar critérios e escala valorativa requer autoridade. No nosso caso – pesquisadores e intelectuais pertencentes ao Sistema de Ciência e Tecnologia vinculado às Pós-Graduações brasileiras –, foi possível, historicamente, criar um organismo com autoridade reconhecida para efetuar a avaliação: a CAPES.

Os critérios e a escala avaliativa estão claros, como muito bem descreve o artigo presente neste encarte escrito pelas colegas Clarilza e Angela. A vida dos Editores e de seus periódicos dentro da Área de Educação, portanto, é um caminho pavimentado cujas dificuldades podem ser equacionadas através de planejamento para atendimento de critérios?
Não! O trabalho de avaliação de periódicos não é visível – termo que me é mais exato do que transparente. Diferentemente do que ocorre com a pós-graduação, um editor não pode ter acesso ao Sistema Sucupira e abastecer os dados de sua revista ou receber um documento com o resultado do seu processo de avaliação. Duas consequências graves extrapolam o Qualis Periódicos e atingem o Sistema de Avaliação historicamente construído, ou seja, a CAPES.

A primeira é legal. Avaliadores estão investidos de uma função pública e – resguardados por medidas de proteção de sua identidade – devem prestar conta como qualquer administrador público sobre o resultado de seu trabalho. Não há outra forma de fazê-lo, dentro do sistema republicano democrático, sem franquear e publicizar o processo avaliativo, ou seja, o parecer de mérito sobre cada periódico. Ao não fazê-lo o que se enfraquece é o Sistema de Avaliação.

A segunda é política e de maior importância. Todo esforço de construção de uma convivência pacífica entre os diferentes, que diz respeito à própria construção da autoridade da CAPES, sustenta-se na existência de critérios racionais e visíveis para a construção de medidores como o QUALIS. O indicador é fator importante da Avaliação dos Programas de Pós-Graduação brasileiro quando responde à produção intelectual de cada docente. Escrever em um periódico A1 ou em um periódico B5 constrói ou destrói a nota de um Programa em seu esforço para existir. A falta de visibilidade sobre a práxis avaliativa mergulha os que querem existir em uma lógica hobbesiana, todos contra todos!

Como último aspecto a ser considerado, é importante perguntar se o que move o Sistema Avaliativo é a competição ou a cooperação. No ambiente global, a competição está posta e com parâmetros bem definidos: entre as 10 melhores Universidades na análise da QS 2016-17, nove são de países de língua inglesa. Por documentos recentes de órgãos de fomento, o que se requer é a aproximação Norte-Sul, projetos em América Latina ou em Ibero América têm pequena chance de financiamento. Para esta competição por recursos globais, é natural que os indicadores sejam globais!

Mas é possível construir um Sistema de Pós-Graduação somente para abastecer a competição global? É possível construir um Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação, vinculado à Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação, para nos ajudar a competir melhor?

É importante – mais racional, de melhor qualidade política e ética – que nossas Associações e Agências incentivem concretamente um ambiente de cooperação entre aqueles que defendem uma melhor Educação para brasileiros. Zelem por um meio ambiente intelectual saudável, mais generoso para com aqueles que estão caminhando rumo à excelência, a qual, talvez, esteja mais próxima da nossa cultura latino-americana ou ibero-americana do que da cultura anglo-saxônica.

Imagino, finalizando, que a falta de visibilidade da práxis avaliativa só beneficia a competição daqueles que estão onde não deveriam estar, enquanto – por criar um clima de desconfiança de todos contra todos – inviabilizam práticas mais colaborativas entre nós editores.

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José Luís Bizelli é professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara.

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