RJ: ocupações estudantis agitam a bandeira da combatividade

Com a crise generalizada do velho Estado e do decadente capitalismo burocrático e semicolonial em nosso país, a conta sempre sobra para o povo. Aumentam-se os impostos, a superexploração, o desemprego, a carestia e a condição indigna de vida do nosso povo; precarizam-se ainda mais a saúde, educação e os serviços públicos.

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Cartazes criticam os cortes na educação

Já no início de 2016, se prenunciava mais um ano de arrocho e precarização de todos os tipos de serviços públicos. Na virada de ano, em 1º de janeiro, a gerência federal anunciava corte de R$ 10,5 bilhões que seriam destinados à educação, o que precedeu a vários outros cortes meses adiante, como o de 30 de março, custando R$ 4,2 bilhões.

Em São Paulo, principalmente na capital, no fim do ano passado e início deste, se produziram, em resposta a todo esse cenário de aprofundamento da crise, levantamentos estudantis que precederam os que hoje nós estamos assistindo no Rio de Janeiro. Centenas de escolas ocupadas, a maioria na capital, foram colocadas, sob mando dos estudantes secundaristas, no caminho da luta combativa. O exemplo dos secundaristas paulistas ecoa ainda hoje.

Por fim, é nesse contexto de crise e de muita luta que vêm surgindo os levantamentos estudantis no Rio de Janeiro, com a consigna de “Ocupar todas as escolas contra os desmontes do ensino público!”, que contam com o apoio do movimento grevista de professores e demais servidores públicos. Até o fechamento desta edição, cerca de 50 colégios se encontram ocupados por estudantes em todo estado do Rio de Janeiro.

OCUPA HERBERT

Na manhã de 12 de abril, a equipe de AND esteve no Colégio Estadual Herbert de Souza, na subida do Morro do Turano, bairro do Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro. Lá se gesta uma combativa ocupação estudantil com pautas concretas e definidas. A nossa equipe foi recebida pelos estudantes, que designaram uma comissão para falar conosco.

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Organização e luta combativa e independente

Os estudantes se levantam contra o autoritarismo da direção (nomeada pela Secretaria de Estado de Educação - Seeduc), contra o abandono absoluto da escola pela gerência estadual, contra os cortes de verbas destinadas à educação por Pezão/PMDB e Dilma/PT e em apoio à greve dos profissionais da educação. E denunciam ainda a perseguição política dos estudantes que se engajam nas mobilizações.

Pudemos registrar que, de forma disciplinada e organizada, em um ambiente democrático e de luta, os estudantes debatem e encaminham suas demandas em Assembleias. Se organizando em comissões, eles cuidam de sua própria segurança, comunicação, alimentação, limpeza e preservação do ambiente, planejam atividades políticas, culturais e sociais, fazendo com que o colégio sirva também às necessidades da comunidade que vive em torno da escola.

Cartazes colados nos muros reafirmavam o posicionamento independente dos estudantes e o rechaço ao oportunismo expresso nos partidos eleitoreiros e às entidades burocráticas à eles atrelados (UBES, AMES etc.). Os estudantes também afirmaram que toda ajuda é bem-vinda, desde que subordinada à direção combativa dos estudantes daquela escola.

Durante os antecedentes e organização da ocupação, os estudantes puderam ter provas da prática tacanha do velho Estado. Já nos primeiros dias, a PM e a direção da escola, a mando da Seeduc, tentaram, sem sucesso, intimidar a realização da primeira assembleia estudantil, ao que os estudantes responderam com firmeza mantendo não somente a reunião, mas todas as atividades programadas para o dia.

Os estudantes relatam ainda que, desde o início da ocupação, se depararam com a falta de objetos de uso escolar como televisores, computadores e micro-ondas, objetos esses pertencentes à escola, pagos pela sociedade e que foram levados pela direção sob mando da Seeduc. Denunciam ainda que isto foi deliberado para dificultar a permanência da ocupação.

COM A PALAVRA, OS ESTUDANTES

Embora com um tempo de vida ainda curto, a ocupação Herbert de Souza vem acumulando grandes lições que só se adquire no calor e na forja da luta combativa, do trabalho coletivo e democrático, lições essas manifestas em algumas declarações dos estudantes (que pediram para ficar em anonimato, dada a perseguição da direção/Seeduc):

 Ficou explícita a opressão, tanto vinda do Estado como dos gerentes da escola. E aprendemos que precisamos nos juntar para que algo dê certo, e a gente está percebendo que o trabalho é coletivo, que precisamos estar juntos para conseguirmos o que queremos!  disse uma estudante do 2º ano, de 16 anos.

 Nós temos organizado o pessoal com relação à segurança numa comissão da ocupação, que serve para restringir a entrada, pegar nomes dos que entram e saem, dos alunos ou não-alunos, para ter esse controle e talvez saber quem fez algo de errado, se vier a fazer  declarou um estudante do 3º ano, de 16 anos.

 A princípio, nós estamos formando a base de apoio à ocupação. Vamos informar à comunidade sobre a ocupação, explicar nossa reivindicação, organizar campanhas de ajuda à ocupação. Porque até agora nada fora do normal ocorreu, só que a gente não sabe como será daqui a uma semana, se a polícia vai bater na porta predestinada a entrar. Por isso temos que formar a base de apoio para quando a PM bater aí ou qualquer instituição do tipo, termos como resistir de forma organizada  explicou outro estudante do 2º ano, de 16 anos. E continuou:

— Eu acredito que essa ocupação, no seu início, já teve uma grande lição, que é a da importância da mobilização e união dos estudantes. Porque nenhuma ocupação vai surgir e se manter sem partir dos estudantes. Toda mobilização tem que partir da gente. E a ocupação já mostra nossa união, e esse é um legado que ela já deixou. Reunir uma galera para limpar banheiro, fazer comida, todo esse trabalho coletivo me deixa muito feliz. Na verdade, eu fiquei feliz já quando entramos e eu olhei e vi que só tinha estudante! — completou.

Na data de fechamento da presente edição de AND, os estudantes do Herbert de Souza haviam programado um ato seguido de panfletagem com concentração em frente ao colégio, dando mostras de que a ocupação mantém uma programação ativa erguendo alta a bandeira da combatividade e independência da luta. 


Greves prosseguem no RJ

A precarização geral dos serviços públicos, das condições de trabalho e o aprofundamento da política de arrocho e ataques a direitos conduzidos pela gerência estadual de Luiz Fernando Pezão (PMDB)/Francisco Dornelles (PP), especialmente desde o fim de 2015, têm levado as bases de diversas categorias dos servidores públicos estaduais a se lançarem na luta, na paralisação consciente das atividades para assegurar seus direitos fundamentais. São cortes de verbas e privatizações de serviços essenciais, além do atraso e parcelamento de salários dos servidores, tudo isso seguindo a velha cartilha de que “o povo que pague pela crise”. No fim de março, o vice-governador Dornelles assumiu a gerência do estado, dado o afastamento do titular Pezão.

No momento, mais de 30 categorias de servidores do estado do Rio de Janeiro mantém mobilizações e atividades grevistas, como a que ocorreu na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), na manhã de 13 de abril. Manifestações semanais e assembleias têm reunido milhares de pessoas. 

A equipe de AND acompanhou, no dia 6 de abril, uma assembleia dos servidores, que reuniu mais de 2 mil pessoas e na qual decretaram o prosseguimento da greve geral unificada por tempo indeterminado. A assembleia foi seguida de manifestação que parou a Zona Sul da capital do estado, em uma marcha que seguiu até o Palácio Guanabara, sede do gerenciamento estadual. Os servidores, muitos há meses sem receber, denunciaram o descaso e a falta de verbas do estado para a saúde e a educação, em detrimento do derrame de dinheiro público para as empreiteiras e construtoras com vistas às olimpíadas no Rio de Janeiro.

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