Internas Luzes Novas


percepções, Tania Montandon, guache sobre Moleskine

Escuto: - Luz!, após longa tarde de chuva.
- Luz , o Sol da noite! Alguém mais vê? Éle, Ú, Á! Hêêêee!...
Amélia, a pacieente do hospital psiquiátrico, da qual dizem não falar "coisa com coisa". Ha,ha!!! Se prestassem um pouco mais de atenção, notariam que, na verdade, ela diz coisas geniais, entende tudo, porém não é entendida. Nem faz questão!
Diz coisas propositalmente (ou não) de modo inisteligível pela linguagem comum do cotidiano. Adoro escutá-la! Usa uma linguagem poética, troca a ordem das frases, fala sobre cosmos, energia, estrelas, brinca com trocadilhos como injeção, logo associando com encheção e dá risada, principalmente quando demonstro ter entendido e rio junto.
Está sempre sorrindo, uma lucidez velada por trejeitos seus. Fazem fofocas maldosas sobre essa paciente em sua frente, ela escuta e pensam que não está captando nada do que dizem. Apenas sorri, ciente disso tudo também. E sabe que eu sei. Rimos juntas. Afinal, quem são as tolas? Ela? Eu?
Para que ser compreendida por quem não consegue sair um palmo sequer da superfície mundana?
Das pacientes, é a que mais me entende e vice-versa. Escondo melhor minha loucura e divagações. Amélia simplesmente não se importa, age como um pássaro contente com a liberdade de ser como é. Contudo deve sentir muita solidão.
Escolheu pagar um preço alto de ser como é, sem auto-censuras e podas de frescuras fúteis. Eu já não tenho tanta coragem e ainda não cheguei à conclusão de vale ou não a pena. Acho a solidão muito dolorosa prum risco desse tamanho.
O que ninguém imagina é que Amélia é de longe muito mais interessante, inteligente, sensível e criativa que todas as outras pacientes somadas. Há algo de genial dentro dela. Triste que não posssa ser valorizado justamente nesta cultura da imbecilidade.
Nem parece desejar algo assim. Somente não abre mão da liberdade interior de ser o que é e ama seu ser, ao contrário de todas as demais, incluindo-me.
Seria um espírito mais evoluído? Ou só mais uma louca como eu num hospital pra doentes mentais?

Tania Montandon
Fragmentário de Inspirações
arte, cultura, literatura, entretenimento
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