Missiva ao companheiro do Ministério Público suíço

Companheiro do Ministério Público da Suiça. Espero que esta lhe encontre bem com sua consciência, o que é dever dos homens que ocupam o cargo que V.Sa. ocupa. A justiça no Brasil nunca esteve no pódio das instituições consagradas, longe disso, ela é instrumento de violação de direitos primários em nome da plutocracia abastada e, por vezes, é impiedosa. A impunidade operou um milagre e a justiça enxerga oportunamente quando necessário.

Tenho um sentimento meio provinciano, acho que é vergonha, de dizer que o malandro brasileiro, aquele que esconde dinheiro nos bancos de seu país, ainda ocupa o terceiro cargo mais importante da república. Inacreditavelmente, o sonegador contumaz, ainda fala com o dedo em riste como se sobrevoasse no balão da moralidade. A mulher, e cúmplice do sujeito, que também tem contas escusas e nada no mar de lama do dinheiro público, é uma jornalista conhecida e é representante, literal, da mídia parcial que dissemina e sustenta o ódio em cidadãos inocentes, porém politicamente analfabetos.

Espero que não consideres inútil as investigações, nem todo o aparato disponibilizado para encaminhar para o nosso Ministério Público as provas que incriminam o ladrão, que se diz evangélico, mas que é apoiado pela bancada da bala, uma gente perigosa que se elege na mira das armas milicianas, e pelos ruralistas, fazendeiros e usineiros que desapropriam e dizimam tribos de índios e escravizam pobres camponeses.

Como somos um povo que, apesar de enganado, bem humorado, abro parêntese para um pequeno chiste e envio inbox meus dados, candidatando-me a herança de uma dessas contas bancárias que, pelo visto, não possuem titularidade.

Falando sério, apesar de a realidade se confundir com brincadeira, o deputado citado continua sentado na cadeira da presidência da Câmara apoiado por seus pares, a maioria com investigação em curso, esperando o momento de dar o bote contra a representante principal do país, eleita democraticamente, que não teve seu nome envolvido em nenhuma das centenas das operações da polícia federal e das delações, que aqui chamam de “premiadas”. Aqui o ladrão é quem julga a pessoa honesta e fica tudo por isso mesmo. Sem falar que os que dizem combater os corruptos, são os que apoiam a raiz e a mãe da corrupção: O financiamento privado de campanhas políticas.

No mais, companheiro Ministro, deixo meu agradecimento à sua contribuição à nossa justiça e ao governo da Presidenta. No plano internacional desejo que seu governo continue a ser solidário ao êxodo de pessoas que vivem em situação de guerra na Líbia, Síria, Iraque, e nos países em que a situação econômica faz refugiados se atirarem no oceano com suas famílias em busca de paz e trabalho.

Atravessamos sim uma crise econômica, o mundo todo, aliás, mas aqui a crise é inflada por uma classe política desmoralizada perante a opinião pública mundial, mas que por aqui calça as sandálias de um famigerado foro privilegiado que é a rubrica para atos ilícitos e crimes sociais contra a nossa gente. Au revoir.

Ricardo Mezavila é escritor


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