A entrevista a O Globo de intelectual negro racialista e não-marxista

O jornal O Globo publicou, dia 23/02/2015, página 02, seção Conte Algo Que Não Sei do jornalista de origem judaica Arnaldo Bloch que é branco, entrevista com o professor-doutor em filosofia Renato Noguera, que é negro, carioca e suburbano do bairro Oswaldo Cruz.  Na foto da repórter Ana Branco, ele exibiu sorriso e cabelos longos no estilo rastafári, dizendo ser casado com uma pedagoga não caracterizada antropologicamente, tendo duas filhas e dois signos africanos, pois, é circuncidado por avó materna e educado por griô o seu avô e que seu trabalho é abrir portas para o pensar filosófico além ocidental. “Filosofia é o bichinho de pelúcia do Ocidente”; disse o professor Noguera.    
As partes cumpriram seus papéis. Aproveitando o título da seção “Conte Algo Que Não Sei”, o jornalista Bloch mostrou-se afinado com o capitalista e monopolista conglomerado de mídia Organizações Globo pondo o professor e pensador Nogueira na cara do gol para chutar: “A Filosofia não nasceu na Grécia, já existia na África e em outras regiões, séculos antes. No Egito, há uma palavra ‘rekhet´ que significa exatamente o que significa a palavra filosofia para os gregos. É uma arte da palavra, do saber. Os maias (povos indígenas das Américas sendo na do Sul nos Andes, na do Norte no México e na Central) tinham aforismos filosóficos. Há diferentes estilos de fazer filosofia, mas, há uma disputa política para que só uma voz filosófica fique conhecida. Esta voz é a do Ocidente”. Disse Noguera.     
Mas a palavra filosofia é grega, não? Perguntou Bloch. Não importa quem veio antes nem a palavra, mas, a atividade. Através dessa arte do saber egípcia se busca uma fotografia da verdade, porém, esse lapidar se assume como algo inconcluso, nunca chega a uma destreza perfeita ou conclusão. Esse é exatamente o caráter da filosofia, e o discurso de muito filósofos ocidentais. O pensamento é uma balança que tem a medida da verdade. Maat, uma deusa da verdade, da harmonia, da adequação, segura uma balança. Afirmou Noguera.
E a filosofia, batizada pelos gregos, funda-se no rompimento com a mitologia. Segundo falou Bloch. Sim. Mesmo assim, Platão usa mitos e produz uma teologia. Um filósofo ganense (pessoa natural do país africano Gana) diz que a filosofia é o suprassumo da cultura ocidental. Eu diria que a filosofia é o bichinho de pelúcia do Ocidente. O Ocidente adora brincar, mas, não gosta de dividir o brinquedo. Disse Noguera.
O curso que você vai dar é sobre o sentido da vida. Qual é? Indagou Bloch. Essa não dá para responder em único gole, mas, vamos tentar uma síntese. O sentido da vida é aquilo que define a existência humana. Falou Noguera.
E o que a define? Perguntou Bloch. Em geral as pessoas se definem a partir de dois marcadores: O nascimento e a morte. A certidão de nascimento e o atestado de óbito, com a carteira de identidade no meio. O sentido da vida de alguém deveria ser, e é, mais decisivo para entender o sujeito. De que maneira as pessoas vivem. Um vetor existencial. Afirmou Noguera.
Então, a vida tem sentido? Questionou Bloch. A ausência de sentido é um sentido. Mas, um sentido rígido é perigoso por formar fundamentalismos existenciais. É algo para além da vida que passa a defini-la. Alguém que, num momento de satisfação e alegria, está mais preocupado em como vai sair na foto do que em experimentar o prazer daquele momento. Algumas ideias passam a ter mais relevância que o fluxo da existência. Disse Noguera.
Mas não é isso a singularidade do humano? Pensar sobre a vida em vez de vivê-la? Perguntou Bloch. É uma questão de problematizar o pensamento como unicamente mental. Mas o pensamento não seria uma atividade corporal? É preciso acabar com o divórcio entre corpo e alma, para que ação e pensamento sejam copertinentes. Afirmou Noguera.
Como chegar a esse estado? Indagou Bloch. Em geral as pessoas vão assistir a uma aula, mas o corpo fica fora. Há uma técnica em que crianças aprendem matemática dançando. Os registros escritos e orais não são os únicos, há os simbólicos e os corporais. Podem ser fugazes, mas hoje você pode filmar. Disse Noguera.
Você escreveu sobre samba e a filosofia. Qual é o ponto? Perguntou o jornalista Arnaldo Bloch. No samba se pensa através de uma tal complexidade de movimentos, que é como se corpo e alma não tivessem dissintonia. Entre mestre-sala e porta-bandeira há argumentação. A batalha do passarinho é dialética. E assim caminhamos. Finalizou o professor-doutor e pensador Renato Noguera.        
O jornal O Globo assim como o jornalista Arnaldo Bloch e o professor-doutor Renato Noguera não são marxistas. Ou seja, é óbvio que um jornal de um capitalista e monopolista conglomerado de mídia como as Organizações Globo não iria ser adepto do filósofo dos filósofos Karl Marx (1818-1883). Tanto o jornalista quanto intelectual negro igualmente não são marxistas, mas sim adeptos do racialismo a ideologia e ou crença fundamentalistas da existência não comprovada cientificamente de “raças” humanas.    

*jornalista – é militante do Movimento Negro Socialista (MNS) e da seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) a Esquerda Marxista (EM). 

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