O Carnaval e seus efeitos...

Alguns amigos por me conhecerem como adepto da doutrina espírita, me solicitam uma palavra de esclarecimento sobre os efeitos maléficos do Carnaval, pois, muitos não entendem o porquê da preocupação com uma festa tão popular em nosso país, e desejam algumas informações sobre a visão espírita do carnaval. Iniciam pela tradicional pergunta afirmativa: Porque o espiritismo condena o carnaval? Quais os argumentos do espiritismo para o assunto?
Para esses queridos companheiros de jornada, que normalmente não fazem parte da filosofia espírita, procuramos colocar nossa modesta visão sobre o tema, afirmando da mesma forma, que o Espiritismo não condena nada nem ninguém, apenas esclarece para que o indivíduo possa compreender sua responsabilidade diante de tudo aquilo que pratica, fundamentado nas palavras de Jesus, quando nos asseverou: “A cada um segundo as suas obras”,¹ e ainda quando nos alertou para o fato de que “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.²

Ora, se o próprio Jesus nos adiantou que a semeadura é livre, significando que cada um escolherá o que semear, porque o espiritismo diria algo diferente, e sendo o Espiritismo o Consolador Prometido e enviado por esse nosso Mestre, porque não respeitaria a opção das criaturas de se utilizar do livre arbítrio que todas têm, da forma como desejarem?
Acontece que os irmãos extremamente materialistas, apoiam sem restrição alguma as atitudes dos foliões sob a alegação de que nesses três dias de festa tudo é permitido, e a maiorias dos espiritualistas discordam dessa maneira de interpretar as festas carnavalescas, justamente por esses excessos cometidos, e dessa forma os blocos: “dos favoráveis e dos contrários”, não chegam a um acordo que agrade aos dois lados.
Se levarmos em conta mais uma vez, os ensinos de Jesus de Nazaré, a final de contas somos CRISTÃOS, quando resumiu as Leis e os Profetas em: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a sí mesmo”, que não devem ser utilizados apenas de acordo com as nas conveniências de quem quer que seja, e sim, na nossa convivência diária na sociedade, fácil é de se concluir, que todo excesso cometido se torna um desrespeito para com seu semelhante, pois, o direito de um acaba quando começa o direito do outro. Quando assim não se procede, está reforçada a consagrada dicotomia entre o bem, a luz (o equilíbrio, o respeito) e o mal, a sombra (o exagero o desrespeito).
Encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo as instruções seguintes:
"Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós", é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua.” ³

Por mais que argumentemos até certo ponto aceitáveis, utilizados pelos defensores da grande festa como alguns definem o carnaval, de que a festa anual é fonte de divisas para o país, pois, atrai uma quantidade extraordinária de turistas, e gera muitos empregos diretos e indiretos, etc., não podemos também deixar de destacar a quantidade de drogas, sexo, roubos, estupros etc., que aumentam em proporções alarmantes neste mesmo período.
Isso porque, o culto aos prazeres enganosos da carne desperta o instinto da animalidade que ainda é bastante forte num mundo como o nosso, exacerbando a sensualidade, a paixão e os exageros com que a esmagadora maioria se compraz, facilitando a participação de mentes doentias do plano espiritual na parceria infeliz do mundo físico e do extra físico, alimentado pelos participantes, “vivos dos dois planos da vida”, onde se pode desmentir com toda convicção o refrão popular que diz que: “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”. Nós espíritas, sabemos perfeitamente que estamos todos em constante relação de intercâmbio, conectados com os que nos são afins pelos pensamentos, tendências e ações, como já nos asseverava o apostolo Paulo de Tarso de que temos sempre a nos seguir uma “nuvem de testemunhas”.
No Livro dos Espíritos encontramos explicações importantíssimas para nosso esclarecimento sobre a influência dos desencarnados em nossas ações, como segue:
456. Veem os Espíritos tudo o que fazemos?
“Podem ver, pois que constantemente vos rodeiam. Cada um, porém, só vê aquilo a que dá atenção. Não se ocupam com o que lhes é indiferente.”

457. Podem os Espíritos conhecer os nossos mais secretos pensamentos?
“Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular.”

a) - Assim, mais fácil nos seria ocultar de uma pessoa viva qualquer coisa, do que a esconder dessa mesma pessoa depois de morta?
“Certamente. Quando vos julgais muito ocultos, é comum terdes ao vosso lado uma multidão de Espíritos que vos observam.”

458. Que pensam de nós os Espíritos que nos cercam e observam?
“Depende. Os levianos riem das pequenas partidas que vos pregam e zombam das vossas impaciências. Os Espíritos sérios se condoem dos vossos reveses e procuram ajudar-vos.”

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.

460. De par com os pensamentos que nos são próprios, outros haverá que nos sejam sugeridos?
“Vossa alma é um Espírito que pensa. Não ignorais que, frequentemente, muitos pensamentos vos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto, não raro, contrários uns dos outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura os vossos com os nossos. Daí a incerteza em que vos vedes. É que tendes em vós duas ideias a se combaterem.”

Não cabe a análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. Porém, não podemos nos esquecer de que igualmente somos responsáveis, individual ou coletivamente, pelas opções definidas em nossa vida.” 4
Dessa forma, concluímos que O Espiritismo não condena o carnaval, desaprova simplesmente todos os tipos de excessos, de abusos, de desrespeito, particularmente os desregramentos na área do sexo irresponsável, das bebidas, das drogas, da violência, que contribuem significativamente para o desequilíbrio e o desrespeito às Leis e à ordem, facilitando sobremaneira a atuação dos espíritos inferiores e ignorantes da espiritualidade, que se alimentam desses fluidos densos, nocivos, de baixo teor vibratório. Todo cuidado é pouco, três dias de desregramento poderão gerar séculos de sofrimentos e dores, físicas, morais e espirituais.
A Doutrina Espírita nos convida a fazer bom uso do tempo que o período de carnaval nos concede, para reunir a família em atividades nobres, como o estudo da doutrina, fazer trabalhos de caridade ao próximo, visitar doentes em suas casas, hospitais, asilos, orfanatos etc., ajudando com nossos pensamentos, palavras e atos, a espiritualidade amiga no gigantesco trabalho de auxílio, e amparo para o equilíbrio e a pacificação da Terra, que realizam com muito amor em nome de Jesus.
Um fraterno abraço em todos, e um proveitoso feriado com amor e paz no coração e na mente de todos nós.
Bibliografia:
1 – Paulo - Romanos Cap. 2 vv 6.
2 – Paulo – Coríntios, Cap. 9 vv. 6.
3 – Kardec, Allan. O Evangelho Segundo O Espiritismo – FEB, 112ª edição. Cap. XI, item 4.

4 – Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos – FEB, 76ª edição.

Francisco Rebouças.

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