O silêncio da multidão

Era tarde da noite quando eu voltava para casa. As ruas estavam desertas, a chuva caia bem lentamente, a iluminação dos postes amarelada parecia que ia acabar, deitado na calçada havia dois moradores de rua fumando seu cigarro, na esquina um carro de polícia. Na cidade com milhões de habitantes, e uma movimentação intensa, um silêncio se fez. Naquele momento nenhum carro passava, nenhum pedestre andava, nem bicicleta circulava, somente eu caminhava ali, meus óculos embaçados pelas gotas fina da chuva.
Olhei para os prédios em volta, alguns ainda estavam com as luzes acessas, em outras, já nos seus últimos andares, tinham pessoas paradas a observar. Comecei a pensar o que poderia estar acontecendo dentro de cada apartamento que a minha volta estava.
A viagem foi alucinante e meu pensamente vagueou por todas as possibilidades. Eu já tinha dobrado a esquina e já houvera entrado na rua da minha casa, quando um pensamento forte bateu em mim e me obrigou a fazer-me uma pergunta:
Quem sou eu?
Nesse momento deu um nó no meu cérebro e eu não conseguia responder a meu pensamento o que de fato era eu. Talvez porque a muito tempo já tenha me perdido entre o que sou eu e o que é o outro em mim, onde um termina e o outro começa. Retomei meus pensamentos e respondi:
- Eu sou a soma de tudo e de todos ao longo do tempo.
Meio irrequieto, mas um pouco satisfeito com a resposta, meu pensamento cessou. Não por muito tempo, quando já próximo de casa, ouvi um barulho, levantei os olhos pois estava de cabeça baixa e vi de longe uns rapazes a festejar na calçada de frente da minha casa. Fiquei pensando o que poderia ser, qual motivo de tanta comemoração, e o porque os levaria a estar até tarde da noite a festejar?
Fui me aproximando de casa, e o cheiro estava fortíssimo, a festa estava regada a muita cerveja, e tóxicos talvez de uma forma geral. Todos muito jovens, meninas que acabara de sair da fase de criança, algumas delas já são até mãe. Os gritos e cantos eram vociferantes. Finalmente eu cheguei em frente ao meu portão, e quando coloquei a chave já para abrir ouvi um último grito e talvez esse seja o motivo da festa. O flamengo perdeu playboy, eu entrei para casa, e o coro comeu.

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