Crescente violência contra LGBTs é resultado de desinformação

Silêncio sobre homofobia ainda desafia combate à descriminação

Embora o universo LGBT venha ganhando cada vez mais espaço na mídia nos últimos anos, com sucesso em telenovelas, livros e filmes, o tema da violência contra lésbicas, gays, bissexuais e transexuais dificilmente acompanha o debate. Por isso, a homofobia e todos os escândalos de violência que normalmente vêm atrelados à discussão foram tratados em uma dissertação do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). "O tema está vivo no cotidiano e tenho ouvido muitas pessoas afirmarem que nunca haviam pensado nestas questões, ou que não tinham ideia do que se passava na vida das pessoas LGBT. Essa veiculação toda na mídia as fazem refletir, querer aprender sobre uma realidade que desconheciam, e a partir daí existe a possibilidade de se sensibilizarem e se tornarem formadores de opinião junto a seus familiares e amigos", explicou a psicóloga Adriana Maria Shad e Balthazar.

Autora da pesquisa "O lugar do silêncio na violência homofóbica: o dizível e o indizível nas narrativas de sofrimento", Adriana estudou a homofobia e sua relação com os órgãos públicos do estado do Rio de Janeiro que estão relacionados a esse tema. A psicóloga analisou dois focos: a homofobia e o silêncio. Nesse processo, analisou o programa Rio Sem Homofobia, do governo do estado, criado em 2007 com o objetivo de promover a cidadania da comunidade LGBT do estado, com políticas públicas de combate à homofobia, preservação de direitos e uma ampla rede de informação. Segundo Adriana, "não é possível alcançar a forma correta de lidar com questões que envolvem valores, preconceitos e temas ligados à diversidade sexual e de gênero sem um grande investimento em formação de recursos humanos e em estratégias concretas de enfrentamento da violência homofóbica e garantia de direitos".

A psicóloga afirma que esse tipo de organização pública se deve ao alarmante e ainda crescente número de casos de violência contra pessoas LGBT. "Embora os dispositivos públicos e os profissionais que atuam no combate à violência estimulem a fala e a denúncia, várias pessoas decidem não denunciar. Tornar dizível o indizível significa se expor, expor pessoas que ama, e pode significar sofrer outras formas de violência". A dissertação utiliza a definição da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) de homofobia; segundo a qual, o termo compreende não só discriminação à homossexualidade, bem como toda e qualquer transgressão de convenções de gêneros. Para explicar o silêncio, citou conceitos de Veena Das. “Tanto na fala, como no silêncio, há um resíduo que não vai ser explicado, que não deve ser traduzido. Traduzir certos tipos de dores, falar sobre elas, é da ordem do impossível”, concluiu.

Para ela, o cenário político e religioso é muito propício a esse tipo de comportamento discriminatório. “Em alguns discursos religiosos e de extrema direita, as sexualidades dissidentes encarnam o mal, a perversão e o perigo, ameaçando os bons costumes e a moral. Devem, portanto, ser suprimidas. Tais discursos conferem legitimidade ao uso legal e ilegal da força”, explica. A falta de informação também é uma das principais causa do preconceito, segundo a autora.

Para Marcus Vinícius Russo, homossexual, a solução também está na busca por informações. "Minha esperança está realmente nas próximas gerações. Gerações que estudem, que possam ter sua fé, mas não se deixem alienar. Quanto mais as pessoas procuram entender sobre o assunto em geral, menos alienadas elas são! Acho que os caminhos estão sendo abertos, bons políticos e parte da justiça estão a nosso favor, não acho que vá mudar já... mas as coisas estão mudando. Preconceito sempre vai existir, mas ele vai diminuir ao seu tempo!".

Convivendo com essa realidade enquanto trabalhou no programa Rio Sem Homofobia, a pesquisadora observou de perto a realidade LGBT. “O quem mais me chamou atenção foi o silêncio em relação à violência homofóbica. Além disso, as denúncias, quando feitas, geralmente não parecem produzir o efeito de inibir ou evitar estes atos e a articulação de ações de prevenção da homofobia ainda são incipientes e esbarraram com o discurso articulado por ‘bancadas evangélicas’ em diferentes espaços de representação política”, conta. É preciso o debate e políticas públicas eficientes contra não só a homofobia, mas o silencio que velado que cerca a comunidade LGBT. “O silêncio é mais uma forma de violência”, conclui a pesquisadora.

Para conferir a tese na integra, acesse: www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4502

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